Moscovitas fazem fila para venerar relíquia de Nossa Senhora

Para entrar na Catedral, é preciso aguardar em média sete horas na fila.

Para entrar na Catedral, é preciso aguardar em média sete horas na fila.

RIA Nóvosti
Uma das mais importantes relíquias da Igreja Ortodoxa Russa, o Santo Cinto de Nossa Senhora, chegou a Moscou e estará exposto à veneração na Catedral de Cristo Salvador até o dia 27 de novembro. Há cerca de 200 anos o Santo Cinto não saía do Monte Atos, na Grécia, onde é guardado no monastério de Vatopedi. de Nossa Senhora, chegou a Moscou e estará exposto à veneração na Catedral de Cristo Salvador até o dia 27 de novembro. Há cerca de 200 anos o Santo Cinto não saía do Monte Atos, na Grécia, onde é guardado no monastério de Vatopedi.

Moscou é o ponto final da viagem feita pela relíquia na Rússia, durante a qual passou por 14 cidades e foi venerada por milhares de crentes, pois reza a lenda que o Santo Cinto ajuda as mulheres que não podem engravidar. Como as mulheres são proibidas de visitar o Monte Atos, não admira que tantas pessoas, provenientes de Moscou e das regiões vizinhas, aproveitem para venerar a relíquia exposta em uma caixa e que representa uma tira de pano tecido com pêlo de camelo pela própria Virgem Maria.

Para entrar na Catedral, é preciso aguardar em média sete horas na fila. Durante esse tempo, alguns rezam, outros conversam com seus vizinhos da fila ou com os sacerdotes chamados para prestar assistência aos romeiros. Fomos para junto da Catedral para conversar com pessoas na fila e lhes perguntar o que estão pensando enquanto aguardam e o que esperam receber do contato com a relíquia.

Anna, 26 anos: “Estou na fila para ver o Santo Cinto de Nossa Senhora há já duas horas e ninguém sabe por quanto tempo ainda ficaremos aqui esperando. Servem-nos chá quente e deixam-nos entrar nos ônibus para nos aquecer. Por isso, estamos bem dispostos. Quero não só prestar veneração à relíquia como também lhe pedir ajuda no nascimento de um bebê”.

Maria, 53 anos: “Trabalho no Mosteiro de Donskói, sou muita religiosa e não é a primeira vez que estou em uma fila como essa. Estamos aqui para visitar a Mãe de Deus, como podemos então nos queixar do frio, longas horas de espera ou de qualquer outra coisa?”.

Svetlana, 29 anos: “Já tenho um filho, vim para pedir que a relíquia me ajude a ganhar outro. Estou preparada para ficar na fila o quanto for preciso, estou bem agasalhada. Tudo está muito bem organizado e não acho que a organização nos deixe morrer de frio”. 

Anatóli, 65 anos: “Eu soube pelos jornais e televisão que o Santo Cinto iria chegar a Moscou e quis aproveitar para adorá-lo. Eu, como talvez muita gente aqui, tenho minhas expectativas íntimas para o contato com a relíquia”.

Elena, 30 anos: “Vim com meu marido, temos um objetivo específico. Vamos pedir à Virgem Maria que nos ajude a ganhar um bebê. Seria bom se o Santo Cinto passasse por aqui mais vezes”.

Tamara, 53 anos: “Sou da Ucrânia, trabalho em Moscou como empregada doméstica e babá. Estou muito feliz por ter a oportunidade de ver o Santo Cinto. Fiquei aguardando na fila por seis horas. Durante todo esse tempo estiveram comigo pessoas muito interessantes. Por exemplo, uma senhora me contou que tinha participado da fabricação de pequenos cintos de lembrança benzidos pelo Santo Cinto de Nossa Senhora. Estou a poucos passos da entrada da Catedral e tenho as emoções mais lindas”.

Arcipreste Alexêi Kazánchev, reitor da Catedral de São Jorge de Stárie Lúchniki: “Servimos junto do Santo Cinto duas vezes por dia e ajudamos na organização do contato com essa sagrada relíquia. É bom que esse acontecimento tenha tanta repercussão na mídia. É preciso dar mais atenção à Igreja porque, na sociedade moderna, ninguém mais fala da moralidade. Os conceitos de moralidade, os mandamentos seguidos pelo povo não foram inventados por um filósofo ou cientista.

Eles nos foram dados por Deus. Se uma sociedade os abandona, ela acaba degenerando. A democracia, o liberalismo, a liberdade sem o respeito pela lei de Deus poderão virar uma arbitrariedade e se tornar destrutivas. Portanto, se tantas pessoas querem prestar veneração à relíquia, elas mesmas encerram em si algo sagrado. Quando as vejo, tenho uma impressão otimista”. 

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