Russos não querem se armar

Foto: TASS

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Nos últimos 8 anos, o número de adeptos da legalização de armas de fogo na Rússia diminuiu 12%. E o número de adeptos da proibição total de armas para uso pessoal aumentou quase 14%.

A pesquisa sobre esse tema deu-se entre usuários da internet e contou com a participação de 2.000 pessoas. É claro que o público da internet não representa toda a Rússia, mas com isso já podem ser feitas algumas conclusões. Em comparação com o ano de 2003, o número de adeptos à venda legal de armas de fogo diminuiu de 54% para 42%. Com isso, quase um terço dos entrevistados afirmaram que nenhuma arma, com exceção das armas sem poder de fogo, deve ser de domínio privado (em 2003, 13% tinham essa opinião). O restante também não se difere da ferocidade excessiva: 41% preferem armas sem poder de fogo e pistolas de gás, e 29% preferem o rifle curto com a possibilidade de um único tiro.

Hoje, na Rússia, é possível comprar legalmente armas de esporte ou de caça a partir dos 18 anos de idade. Para isso, é preciso uma licença oficial, concedida por autoridades locais. É proibida a compra de armas militares.

Recentemente, o problema das armas para uso pessoal tornou-se um tema para discussão. Um dos defensores ativos do direito dos cidadãos de portarem armas de fogo, o senador Aleksandr Torchin, após cada crime ressonante, fala a favor de sua causa: a proibição de armas aos cidadãos. É verdade que com isso ele propõe igualar as armas sem poder de fogo ao número das armas de fogo e aumentar drasticamente a punição para o tráfico ilegal de armas.

De fato, a difusão dos apoiadores das armas sem poder de fogo causou grande dano aos defensores do tráfico legal de armas. O assassinato no ano passado do torcedor de futebol Egor Sviridov com uma pistola de pressão, que provocou enorme revolta dos torcedores na praça Manej em Moscou foi o caso mais grave de uso de armas sem poder de fogo. Frequentemente, há relatos nos relatórios criminais de que cidadãos demasiadamente descontrolados atiram uns nos outros com armas sem poder de fogo.

Não é surpreendente que se tenha começado a falar no ministério de Assuntos Internos sobre limitar o uso de armas sem poder de fogo. E o deputado da Duma (Câmara dos Deputados na Rússia), membro do comitê de segurança Aleksandr Gurov já defendeu a proibição total das pistolas desse tipo.

No entanto, se você observar as cifras da estatística, irá entender que ao mesmo tempo tudo é relativo. Nos últimos 5 anos, foram mortas cerca de 70 pessoas com armas sem poder de fogo, mas 600 foram feridas. Se considerarmos que na Rússia em um ano reúne-se perto de 20 mil mortes, a “contribuição” das armas sem poder de fogo nessa triste estatística não é tão grande.

Apesar disso, esses dados não convencem os defensores da proibição de armas. O advogado Anatóli Kutcherena está certo de que por enquanto a Rússia não pode falar de legalização de armas de fogo. “Se nós permitirmos isso, então veremos tristes casos com acidentes fatais drasticamente maiores”, ele acredita. É sobretudo perigoso, afirma Kutcherena, a licença de portar armas de fogo em locais públicos. No seu ponto de vista, o porte dessas armas precisa permanecer exclusivamente com representantes das estruturas de poder, que são necessários para manter a ordem e proteger os cidadãos.

Porém, isso não significa que na Rússia as ideias dos cidadãos portadores de armas de fogo não têm apoio. Num futuro próximo, será preciso existir um novo órgão público interregional de defensores da legalização das armas de fogo. Seu núcleo organiza-se em torno do site voorujen.ru. Segundo a líder dos ativistas Maria Butina, a ideia de criar uma organização ativa surgiu dois meses atrás. E agora há uma preparação ativa no processo de registro, para conseguir um status oficial.

Como afirma Maria Butina, hoje o movimento já reúne muitos adeptos: os seus núcleos trabalham em 16 regiões da Rússia. A maioria dos participantes é homem, com uma renda estável e experiência no manejo de armas de fogo – possui pistolas de pressão ou armas de caça. O principal motivo para a adesão na organização para a maioria é ter a possibilidade legal de se auto defender. E o argumento mais forte é de que a permissão para adquirir e portar armas de fogo reduz drasticamente o número de crimes violentos. Se os criminosos se armam ilegalmente, cidadãos bem preparados devem ter a permissão legal para se defender.

Os defensores da legalização das armas começaram um longo trabalho de propaganda de suas ideias na sociedade e estão fazendo parte de mesas redondas e outros meios de divulgação em massa. E no meio do outono começaram a planejar uma ação em toda a Rússia, piquetes nas principais cidades e encontros em Moscou, nos quais os participantes anunciam sua exigência pela legalização das armas de fogo.

Ao todo, os russos têm registrado cerca de 5,8 milhões de unidades de vários tipos de armas. Cerca de um décimo disso representa a quantidade de armas sem poder de fogo. De acordo com dados do ministério de Assuntos Internos, o número de cidadãos armados tem aumentado: apenas em Moscou a porcentagem cresce de 5% a 6% por ano.

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