Rosselkhoznadzor encerra embargo à carne brasileira

Foto:PhotoXpress

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Governo russo anuncia decisão após série de debates entre representantes dos dois países, realizada nesta semana em Moscou.

Um mês após anunciar o embargo à importação de carnes de 85 estabelecimentos localizados em três Estados brasileiros, a Rússia concordou em reabrir seu mercado ao produto importado do país sul-americano.

Essa decisão foi tomada após a realização de debates entre os representantes do Rosselkhoznadzor russo (Serviço Federal de Controle Veterinário e Fitossanitário) e o Serviço Nacional Veterinário do Brasil, ocorridos nessa semana em Moscou. A delegação russa foi encabeçada por Serguêi Dankvert, diretor do Rosselkhoznadzor, e a brasileira por Francisco Jardim, secretário de Defesa Agropecuária. O tema principal do evento foi o controle seletivo das empresas brasileiras de processamento de carne.

Em abril, 29 estabelecimentos brasileiros foram vistoriados, sendo que 19 deles não corresponderam às exigências e às normas veterinário-sanitárias da Rússia e dos países da União Alfandegária, formada pela Rússia, pela Bielorrússia e pelo Cazaquistão. A maior parte dessas companhias está situada no Mato Grosso, no Paraná e no Rio Grande do Sul. Por isso, desde 15 de junho, as importações de produtos pecuários originários desses Estados foram temporariamente restringidas.

No encontro, a delegação brasileira apresentou ao Rosselkhoznadzor documentos que comprovam a eliminação dos problemas encontrados nas vistorias anteriormente realizadas. O Serviço Nacional Veterinário do Brasil fez um controle complementar das empresas fornecedoras de produtos para os países da União Alfandegária. Essa lista foi revista e, das 236 companhias cadastradas, restaram 143.

As 93 empresas que ficaram fora dessa lista por não respeitar as normas da legislação russa e da União Alfandegária receberam restrições temporárias. De acordo com os representantes do governo russo, assim que forem aprovadas em futuras vistorias, elas poderão voltar a fornecer os seus produtos para o mercado da União Alfandegária.

A delegação brasileira, por sua vez, declarou a intenção de reorganizar radicalmente sua política de controle laboratorial com o objetivo de se adequar às normas e exigências da legislação russa e da União Alfandegária. O governo federal, aliás, anunciou que vai destinar a esse programa mais de R$ 50 milhões.

O comunicado divulgado pelo Rosselkhoznadzor com o resultado das reuniões também informa que os dois governos consideram o reforço na base laboratorial do serviço veterinário do país sul-americano como um passo decisivo na consolidação de suas posições no mercado mundial das carnes.

Francisco Jardim salientou que o Brasil encara com seriedade os resultados negativos obtidos na Rússia pelas empresas nacionais de processamento de carne. Em dois Estados, segundo ele, os responsáveis pela administração dos serviços veterinários foram demitidos – e, em breve, outras mudanças poderão ocorrer.

No momento, o Brasil fornece carnes e produtos derivados a mais de cem países. Do total de sua produção, 60% da carne de porco, 26% da carne de vaca e 41% da carne de aves são destinadas à exportação.

Decisões

Durante o evento, Serguêi Dankvert propôs que os funcionários dos laboratórios veterinários brasileiros fizessem estágio no Centro Nacional Estatal Russo da Qualidade e Estandardização das Forragens e Meios Medicinais para os Animais e no Central Laboratório Veterinário Científico-Metodológico.

Os representantes do Brasil comunicaram que, num futuro próximo, o Serviço Veterinário do país deve realizar, na Universidade do Estado de Goiás, um seminário sobre as regras de segurança no processamento da carne de vaca. Mais tarde, no fim de agosto ou início de setembro, promoverá um seminário sobre a segurança na produção da carne de porco e da carne de aves – especialistas russos foram convidados a participar desse evento. 

O governo do Brasil entregou uma lista renovada das empresas habilitadas a exportar carne de acordo com o Serviço Nacional Veterinário local. O Rosselkhoznadzor prometeu analisar esses materiais no menor prazo possível e, se aprová-los, liberar as companhias para trabalhar no mercado russo.

Na opinião dos russos, a eventual diminuição do número dos fornecedores brasileiros será compensada pelo aumento de volume emitido pelas empresas que cumprem as normas e exigências da legislação da Rússia e da União Alfandegária. Se necessário, o governo russo se prontificou a enviar um grupo de peritos ao Brasil a fim de efetuar um controle complementar das empresas em mais três ou quatro Estados.

O Rosselkhoznadzor não conseguiu definir datas precisas de quando o fornecimento brasileiro será reiniciado, salientando que não querem que esse problema se arraste por mais tempo – segundo eles, esse processo deve estar concluído até o fim de julho.

Na avaliação da imprensa brasileira, as indústrias e as importadoras têm fôlego para aguardar a resolução do impasse até o fim de julho. Houve grande volume de embarques para a Rússia até o dia 15 de junho. Em 15 dias, segundo o Ministério da Agricultura do Brasil, exportou-se o equivalente a dois meses de vendas.

De janeiro a junho, segundo a estatística brasileira oficial, a Federação Russa ficou em terceiro lugar entre os principais destinos dos produtos brasileiros, com aumento de 41% no volume total, ultrapassando os Estados Unidos. Esses números foram obtidos mesmo após a recente suspensão da compra de carne do país.

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