Foto:ITAR-TASS
Dizer aos investidores como é perigoso trabalhar na Rússia pode parecer uma forma inusitada de vender ações de uma empresa, mas foi isso que o Yandex, o site de busca líder na Rússia, fez em sua esperada oferta pública inicial de ações (IPO).
Ao mesmo tempo, em seu prospecto de 2 mil páginas, a empresa se desdobrou para destacar os riscos políticos e os perigos da compra de ações por oligarcas próximos às autoridades. “Empresas de alto penetração na Rússia, como a nossa, podem ser vulneráveis a ações motivadas pela política”, afirma o relatório.
O site apresentou oficialmente junto à agência federal norte-americana Securities and Exchange Commission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários) uma relação de 52,2 milhões de ações a preços de US$ 20 a US$ 22 cada no início de maio.
Isso daria ao Yandex um valor de US$ 6,7 bilhões no topo da variação, fazendo dele a maior empresa on-line da Europa, segundo analistas do banco de investimento russo UralSib.
O Yandex afirma deter 64% de todo o tráfego de busca na internet russa – enquanto o Google tem apenas 22%.
Em termos de receita, o site local é a maior empresa de internet do país. Isso lhe dá grandes chances de desenvolvimento rápido, já que a banda larga está difundida por todo o território e gastos com publicidade vêm crescendo por conta da acelerada recuperação econômica.
Nos termos da legislação russa, todos os provedores de internet devem permitir que o FSB, o serviço de segurança da Rússia, instale uma “caixa preta” em seus servidores, com a finalidade de monitorar todo o tráfego de e-mails.
Em abril, o FSB levou a medida à risca, afirmando que o Skype e o Gmail representam séria ameaça à segurança e solicitando sua proibição.
O presidente Dmítri Medvedev nega o caso, mas a discussão coloca em evidência o contraste das difíceis relações do Estado com as vias de informação.
O líder da oposição Boris Nemtsov afirma que o Estado forçou a maioria dos provedores de internet a excluir sites da concorrência de seus servidores.
No início de maio, quando a empresa anunciou que o FSB tinha forçado a companhia a dar detalhes dos usuários do Yandex.Dengi, seu sistema de transferência monetária, houve uma grande polêmica. Mais precisamente, o FSB pedia informações sobre os patrocinadores do ativista anticorrupção Aleksei Naválni.
Uma semana depois, o Comitê Investigativo da Rússia – a mais alta instância de investigação do país – abriu inquérito para apurar as atividades de Naválni, alegando que ele usava sua posição de conselheiro do governador de Kirov, que exerceu durante o ano de 2009, para forçar uma madeireira a entrar em um acordo desfavorável.
Ainda assim, os investidores parecem não se importar com os riscos – desde que os preços sejam vantajosos. “Os investidores com quem estamos lidando não estão prestando muito atenção ao risco político”, afirma Aleksander Vengranovitch, analista de mídia e TI do Yandex. “Eles estão mais interessados no crescimento da Yandex.”
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