VTB assume controle do Banco de Moscou

Foto: Fotoimedia

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Mesmo no posto de segundo maior banco da Rússia, a estatal VTB melhorou ainda mais sua posição no mercado em abril, assumindo o controle do Banco de Moscou, quinto maior instituição bancária comercial do país. Alguns analistas temem que o acordo aumente a participação do Estado no setor, mas outros afirmam que o negócio irá diminuir a corrupção.

O Banco de Moscou foi criado nos anos 90 a serviço do governo da cidade de Moscou. No entanto, após o afastamento do ex-prefeito de Moscou, Iúri Lujkov, em setembro do ano passado, o futuro da instituição era incerto.

Em novembro, o Kremlin se mexeu. O vice-premiê e ministro das Finanças Aleksei Kúdrin anunciou que o VTB estava interessado em comprar o banco. Líder na promoção de crédito e financiamento imobiliário com a operação VTB-24, a estatal ficaria atrás apenas do Sberbank, que possui a maior participação do mercado de bancos de varejo da Rússia, com a incorporação das mais de 500 agências do Banco de Moscou.

No entanto, o acordo não correu de forma tão pacífica. Num primeiro momento, a gestão do Banco de Moscou afirmou estar disposta a comercializar seus 20,3% de participação. Mas, em março, entrou com uma ação legal para bloquear a venda de uma pequena participação na instituição, negociada entre a VTB e o banco americano de investimentos Goldman Sachs, e anunciou uma oferta rival para a aquisição dessa pequena parcela.

O presidente do Banco de Moscou Andrei Borodin também se viu envolvido em uma investigação de corrupção no valor de US$ 440 milhões, relacionada a empréstimos não concluídos feitos a uma imobiliária controlada pela mulher de Lujkov, Elena Batúrina. Quando foi chamado para depor, em abril, ele partiu para Londres e deu entrada em um hospital para fazer um tratamento de saúde. Uma semana depois, concordou em vender sua participação por um valor que, segundo os analistas, estava abaixo dos índices de mercado. 

“É evidente o que realmente aconteceu”, disse uma fonte do setor bancário. “A antiga gestão não estava contente com o fato de estar sendo empurrada para fora do banco e segurava as ações para receber um preço mais alto por elas, que a VTB não podia pagar. Então os gestores tentaram jogar duro, mas morderam mais do que poderiam mastigar”.  


A recente aquisição do VTB aumenta significativamente a participação estatal no setor bancário russo e dá sequência à aquisição do principal banco de investimento do país, Troika Dialog, pelo Sberbank, realizada em fevereiro. As duas instituições se tornaram mais agressivas na construção de seus negócios depois da crise econômica de 2008. Diversos bancos estrangeiros já saíram da Rússia por causa da crescente concorrência: o último foi o HSBC, que anunciou no dia 26 de abril o fim de sua empreitada, com dois anos de duração, na qual vinha tentando estabelecer um braço de varejo na Rússia.

“A recessão foi mais dura para os bancos estrangeiros que vinham operando na Rússia por alguns anos do que para aqueles já estabilizados no início dos anos 2000, durante o período de rápido crescimento econômico do país. Os retardatários foram os mais prejudicados pela recessão, já que não conseguiram aumentar suficientemente sua participação no mercado e, assim, enfrentar a crise”, disse a analista do Banco da Finlândia Seija Lainela.

Em contrapartida, o Kremlin afirmou que o crescimento de sua presença no segmento bancário é temporário e não há como prevenir esse processo. “Tecnicamente, esse acordo aumentou a nossa participação, mas o plano é vender as ações estatais do VTB e do Sberbank para aumentar a concorrência no setor. O outro lado da moeda é que o governo não pode restringir o espaço do Sberbank. Como podemos dizer aos acionistas minoritários que há um limite para a capacidade de um banco competir no mercado?”, disse o assessor econômico do presidente Dmítri Medvedev, Arkádi Dvorkovitch, em uma entrevista.

O governo tem se ocupado da venda de ações dos dois bancos. O VTB arrecadou US$ 8 bilhões com uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em maio de 2007, comercializando 22,5% de participação na empresa, e vendeu outros 10% em fevereiro, angariando mais US$ 3 bilhões. O Estado afirmou que quer vender outra parcela de 10% o mais breve possível. Do mesmo modo, o governo detém 60,25% do Sberbank, e, pouco tempo após a compra da Troika Dialog, o Conselho Nacional Bancário da Rússia tomou a decisão de vender outros 7,58% para o público, o que será feito provavelmente no fim desse ano.

Os investidores estão felizes de ver que os dois bancos estão crescendo em tamanho e se tornando mais poderosos. “Por um lado, o Estado está dificultando a operação dos bancos privados, mas, por outro, estamos começando a ver o início da mais que necessária consolidação do setor bancário. A aquisição de bancos que claramente não assumem uma linha comercial, mas tem como única função o benefício de seus proprietários, é definitivamente uma coisa ótima”, afirmou Roland Nash, estrategista-chefe do Verno Capital.

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