Barril de petróleo pode chegar a US$ 200

Colagem:Getty images/Fotobank

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Aumento da produção de países alheios à OPEP, como Brasil, Rússia e Cazaquistão, é uma das opções para frear a disparada na cotação da commodity.

No final de março, técnicos do banco de investimentosrusso VTB-Kapital comunicaram que a influência do petróleo sobre a economia mundial prenunciava recessão. A preocupação com os preços do óleo no mercado russo e internacional começou no fim de janeiro, quando os governos de Egito e Tunísia foram derrubados por manifestações populares. Em fevereiro, a confusão se espalhou para a Líbia e os preços do petróleo dispararam.

Em Londres, o preço do petróleo Brent (tipo de petróleo do Mar do Norte) superou os US$ 100 pela primeira vez desde 2008. Pouco tempo depois, iniciou-se uma série de revoltas no mundo árabe. A instabilidade também já está instalada nos países do Golfo Pérsico, que abastecem de petróleo o mundo todo. Mas a maior preocupação é em relação à Arábia Saudita, com suas reservas que mantêm os preços mundiais em um nível relativamente alto.

Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), a extração mundial de petróleo alcançou 89 milhões de barris diários em fevereiro, uma nova marca histórica. A queda no fornecimento do petróleo líbio foi compensada pelo aumento da extração nos países do Golfo e de fora da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Mas é um equilíbrio instável. Conforme as estimativas de especialistas da IEA, o crescimento do consumo de petróleo e derivados vai levar ao mercado 1,4 milhões de novos barris diários em 2011.

Os desastres naturais no Japão ameaçaram a terceira maior economia do mundo com a falta de energia elétrica - consequência de avarias nas usinas atômicas que produziam um terço da energia do país. O Japão já enviou à Rússia um pedido para aumentar seus suprimentos de carvão e gás liquefeito, ou seja, as cotações dos hidratos de carbono vão crescer novamente.

Em curto prazo, o setor energético japonês terá que corrigir seus planos em consequência da suspensão das usinas atômicas do país, segundo técnicos do Citibank, o que aumentará os preços do combustível fóssil (petróleo, gás, carvão etc.). Segundo o relatório, os problemas da economia japonesa pressionarão mais o mercado que o temor quanto a diminuição do fornecimento de petróleo da Líbia e de outros países do Golfo e do Norte da África.

O ministro da Fazenda russo Aleksei Kúdrin declarou que as situações no Japão e no Oriente Médio podem provocar em curto prazo um aumento nos preços de petróleo para até US$ 200 (R$ 335) por barril.

É possível que se repita o déficit nas reservas de petróleo da Guerra do Golfo, quando os preços da commodity saltaram 130% em sete meses, principalmente por causa da redução das reservas da OPEP. Hoje, entretanto, essa dinâmica seria outra: a oferta pelo petróleo deve seguir a procura. Caso contrário, o preço de US$ 200 pode virar realidade.

Na Secretaria de Energia dos EUA acredita-se que o aumento da extração do petróleo será garantido por três países que não fazem parte da OPEP: Brasil, Rússia e Cazaquistão. Essas nações teriam chance de aumentar a oferta,  favorecidas por novos investimentos e melhoria de infraestrutura.

Já a estratégia energética russa prevê, só com investimento doméstico, um crescimento no  13% ou 14% de 2005 a 2035.

O aumento dos preços do petróleo pode provocar inflação prolongada, o que colocará em alerta mercados em desenvolvimento como Índia, China, Coreia do Sul e Argentina. Setores dependentes do petróleo, como o de energia, metalurgia, química e agricultura serão mais afetados. Os preços dos gêneros alimentícios vão subir e a quantidade de pessoas vivendo na linha da pobreza será maior. O resultado serão graves problemas econômicos e, como consequência, conflitos internacionais e internos, crises monetárias e falência de empresas.

São dois os cenários previstos em longo prazo. O primeiro seria uma nova crise econômica: a economia mundial apenas entra em fase de lenta recuperação após a crise financeira de 2008, mas os altos preços do petróleo elevam os custos de produção. O segundo panorama é mais otimista, com uma gradual renúncia ao petróleo até 2035 e a adoção de energias renováveis e outros combustíveis. Mikhail Krutíkhin, analista do setor energético, acredita que se inicia “a década do gás”. Para ele, o cenário levará as companhias de petróleo a investir pesado em sua prospecção e extração, inclusive em projetos - até então pouco rentáveis - no litoral ártico da Rússia.

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