A hora e a vez da não-ficção

Foto:RIA Novosti

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Conhecida por seus romances épicos, a literatura russa tem testemunhado um aumento de obras de não-ficção no últimos anos.

Embora o gênero nunca tenha sido considerado um porto seguro, a não-ficção agora se destaca na produção literária da Rússia. Talvez a mais emocionante ligação entre autores da nova safra de livros de não-ficção seja a do jornalista Leonid Parfionov com a tradutora Lilianna Lunguina, que foi testemunha da prisão de Lubianka, durante o regime de Stálin, e do degelo político da Rússia, nos anos 60. Ela deixou registrada a história de sua extraordinária e agitada vida antes de morrer, em 1998.

O texto, no qual ela fala da época em que deu abrigo a muitos escritores perseguidos, que tinham sido abandonados por seus amigos e colegas, despertou interesse apenas no ano passado, quando o jornalista Parfionov e o escritor Boris Akúnin decidiram publicá-lo. Na mesma época, uma série de documentários baseada nas lembranças da tradutora ganhou tamanha popularidade que acabou se transformando no livro “Ao pé da letra”, que repercutiu entre os leitores russos no ano passado.

Uma das celebridades mais conhecidas da televisão russa, Parfionov é mestre em séries de documentários, mas ganhou especial destaque internacional no final do ano passado quando recebeu um prêmio na TV russa e afirmou que “os assuntos jornalísticos, como tudo na vida, têm sido irrevogavelmente divididos entre aqueles que podem ser exibidos na televisão e aqueles que não têm permissão para tal”.

Atualmente, o jornalista está trabalhando no quinto volume do livro “Nossa Era”, um abrangente guia para entender a história russa. Mas vale ressaltar que seu texto não é isento de paixão. Parfionov já escreveu sobre os Jogos Olímpicos de 1980 em Moscou, os esquemas Ponzi de operações fraudulentas no país, a loucura por barras de chocolate importadas e até sobre o fenômeno “Escrava Isaura”, novela brasileira transmitida na na Rússia em 1989.

Não-ficção em destaque

Emocionante biografia do russo Tolstói, “Fuga do Paraíso” também foi destaque em 2010 e recebeu o principal prêmio nacional de literatura, o Grande Livro.

O trabalho de Pável Basínski, que agora será publicado em inglês, lembrou o centenário de morte do escritor e foi recebido com louvor pela crítica.

Já em São Petersburgo, a editora Limbus compilou artigos de autores aclamados que oferecem um novo olhar sobre a vida e o trabalho dos gigantes da literatura russa.

O poeta e crítico Dmítri Bikov escreveu sobre Maxim Górki, a romancista Liudmila Petrushévskaia se ocupou do poeta Aleksandr Púchkin e o artista e romancista Maksim Kántor fez a biografia do escritor e dramaturgo Mikhail Bulgakov. A lista se estende com outros 40 autores.  

Obra póstuma

Piotr Vail deixou a União Soviética em 1977, viveu e trabalhou como jornalista nos Estados Unidos e depois na República Tcheca e foi um viajante apaixonado mesmo quando a União Soviética ainda estava isolada pela cortina de ferro.

Suas colunas e diários de viagem publicados na Rússia se tornaram rapidamente populares. Depois que ele morreu, no final de 2009, a editora moscovita Astrel publicou “A caminho do mundo”, obra que combina notas de viagem com ensaios sobre história da arte. Em seu último trabalho, Vail leva o leitor a uma jornada pós-soviética, percorrendo a Armênia, a Rússia e a Ucrânia Ocidental, com o mesmo talento agradavelmente irônico e envolvente.

Nenhuma das obras tem previsão de lançamento em português.

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