Escola de futebol quer atleta na Copa 2018

Técnicos do Brasil acabaram com os gritos/Foto: Vadim Tchassovshchikov

Técnicos do Brasil acabaram com os gritos/Foto: Vadim Tchassovshchikov

Fundada há cinco anos, a Escola de Futebol Brasileiro na Rússia quer um atleta na Copa e está pronta para receber novas instalações.

Com apenas 7 mil habitantes, o povoado de Kabardinka, à beira do Mar Negro, poderia ser apenas uma cidadezinha do Cáucaso vivendo dos lucros sazonais do turismo doméstico. Entretanto, um projeto da Fundação Langsdorff quer transformar a cidade da região de Krasnodárski na capital russa do futebol, fomentando e desenvolvendo as técnicas esportivas brasileiras no país por meio de uma Escola de Futebol Brasileiro.

“Nosso objetivo é ter pelo menos um atleta formado pela escola na seleção russa disputando a Copa de 2018, que vai ser sediada aqui”, explica o brasileiro Thomaz Koerich, treinador dos jogadores mirins da escola que está há um ano em Kabardinka.

Em funcionamento desde julho de 2006, o projeto já conseguiu encaminhar um de seus jovens atletas para um time grande. Ilnur Alshin, de 17 anos, foi contratado em novembro pelo Spartak de Moscou.

Filiais bilaterais

A instalação de um centro de formação de futebolistas preparado por especialistas brasileiros nasceu de uma proposta do deputado russo Serguei Shishkariov.

“Em Joinville (SC) há uma filial do Balé Bolshoi, e Shishkariov pensou: ‘Se o Brasil pode ter uma escola nossa de balé, por que a gente não pode ter uma escola de futebol?’ Foi assim que nasceu a ideia”, conta Koerich.

Uma delegação da Rússia foi ao Brasil e começou a buscar, no próprio Estado de Santa Catarina, um clube para fechar parceria sem fins comerciais.

“O Figueirense foi escolhido pois na ocasião era a única equipe de Santa Catarina na série A e tinha a melhor estrutura observada pelos russos”, conta Lucas Loyola, primeiro treinador dos pequenos aprendizes na Rússia. O principal objetivo é levar profissionais brasileiros a Kabardinka.

“Foi difícil implementar alguns métodos de treinamento que utilizamos no Brasil, mas aos poucos chegávamos a um consenso”, explica Loyola.

Para Koerich, uma das maiores dificuldades foi convencer os parceiros a diminuir a carga dos meninos, que costumavam treinar dois períodos por dia, todos os dias da semana.

“Também tem a questão de gritar com os atletas ao invés de orientá-los, outra coisa que não é interessante na formação de um atleta. Desestimula e faz com que ele desista na fase adulta”, explica Koerich.

Vindos de diferentes regiões, os inscritos na escola recebem formação, alimentação, moradia, atendimento médico e treinamento gratuito e são divididos em duas categorias: de 12 a 13 anos e de 16 a 17.

Alan, aprendiz na categoria juvenil, jogava no time infantil da cidade natal, Makhatchkalá, quando o treinador da Escola de Futebol Brasileiro o chamou para um teste.

Há dois anos na escola, hoje ele sente a diferença do trabalho com os brasileiros. “É muito legal, eu gosto. Tem muitas diferenças e agora a gente trabalha muito mais a técnica.”

O treinador Thomaz Koerich prepara jovens de até 17 anos/Foto:Vadim Tchassovshchikov



Colhendo resultados

A parceria com o Figueirense inclui tanto o intercâmbio de profissionais para a Rússia como o dos pupilos para o Brasil.

“É só uma troca mesmo. O Figueirense tem uma porta aberta no mercado europeu, e os russos têm uma porta aberta no Brasil”, explica Koerich.

Mas o intercâmbio já tem dado resultados positivos para o clube mirim. Em meados de março, a equipe foi campeã do 10º Campeonato Infanto-Juvenil de Primavera com 6 jogos, 4 vitórias, 1 empate e 1 derrota, e ainda levou os prêmios de “melhor goleiro”, “defesa menos vazada” e  “melhor atacante” da competição.

Na final, contra o Kubain, a Escola de Futebol Brasileiro venceu por 2x0.

Planos

A instituição, que vai completar 5 anos em julho, já está se preparando para uma grande expansão, que inclui a construção, já em andamento, de um centro esportivo particular com 4 campos, 2 de grama sintética, e 2 de grama natural, academia, piscina, restaurante, alojamento para atletas, prédio administrativo, refeitório e sauna.

“Tudo isso já está em execução e vai ser inaugurado em setembro. E ainda há o projeto de construir nos entornos desses campos um hotel 5 estrelas para sediar uma seleção durante a Copa de 2018”, conta Koerich. O ambicioso plano segue a nomeação de Krasnodar como uma das sedes da Copa 2018.

O projeto também deve ampliar o intercâmbio com o Figueirense com o estabelecimento de um time profissional, baseado em Naro-Fomínski, que já disputa a segunda divisão. Segundo Koerich, a partir de abril mais um treinador brasileiro ficará baseado em Kabardinka, e a permuta poderia incluir ainda a viagem de jogadores do Figueirense.

“Desde o início da parceria essa possibilidade vem sendo mencionada e, quem sabe, num futuro próximo poderemos ter atletas do Figueirense jogando na Rússia”, sugere Lucas Loyola.

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