Atletas estrangeiros fortalecem seleções

Nascido nos EUA, John Robert Holden representa a Rússia no basquete

Nascido nos EUA, John Robert Holden representa a Rússia no basquete

Deslocada para o terceiro lugar nos quadros de medalhas desde a ascensão da China, em 2004, Rússia busca atletas de outras nacionalidades com potencial olímpico, mas há resistências

Conhecida por exportar talentos esportivos, a Rússia está atrás de estrangeiros para repor a escassez de atletas do país com vista às próximas competições internacionais.

A antiga União Soviética disputou por décadas a primazia nas Olimpíadas com os Estados Unidos, mas depois dos anos 90 a Rússia tem experimentado uma certa decadência. Exemplo disso é que o país amargou o terceiro lugar nas Olimpíadas de 2004 e 2008, superado pela China, e também teve maus resultados  nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2010, em Vancouver. Agora, o país procura atletas estrangeiros para reforçar suas equipes.

Sondagens e sucessos

Desde o ano passado, a imprensa tem anunciado que a Rússia, de olho na Copa de 2014, poderia conceder cidadania ao atacante brasileiro Welliton Morais. O ex- jogador do Goiás foi o artilheiro do campeonato russo em 2009 e 2010, vestindo a camisa do Spartak de Moscou.

Agraciados com o passaporte russo, os jogadores de basquete norte-americanos John Robert Holden e Rebecca Hammon tornaram-se capitães de seus times na Rússia. A patinadora no gelo Yuko Kawaguchi, nascida no Japão, tornou-se celebridade após representar a Rússia nos Jogos de Inverno de Vancouver.

Os atletas enfrentam dificuldades com a língua e a cultura locais, além de uma enxurrada  de críticas. “Meus amigos e família ficaram surpresos e a imprensa também foi bastante crítica, mas a vida é assim: para aproveitar oportunidades excelentes, surgem muitas coisas boas e ruins”, disse Holden.

O jogador de basquete, que se mudou para a Rússia em 2003, também tinha uma imagem carregada de estereótipos sobre o país. “Como a maioria dos americanos, imaginei que Rússia fosse como no filme Rocky”, contou à Gazeta Russa. Nascido em Pittsburgh, Holden foi convidado por diversos times europeus, mas escolheu o CSKA Moscou, que lhe paga US$ 3,5 milhões por ano.

Não sou espiã

Rebecca Hammon, que joga pela seleção nacional feminina de basquete, mudou-se para a Rússia com o intuito de se tornar uma campeã olímpica. Depois de oito anos jogando em times dos Estados Unidos, sua decisão de  representar a Rússia gerou forte repercussão na terra natal. A treinadora do time feminino norte-americano, Anne Donovan, chamou Hammon de “traidora” e “antipatriota”.

“Tive que escutar muitas coisas coisas ao voltar. Quase fui acusada de trair o meu país. Mas expliquei para todo mundo em casa que não sou uma espiã, apenas quero jogar basquete em uma Olimpíada. Se eu tivesse sido selecionada para o time norte-americano, teria feito tudo pelo meu país”, disse em entrevista ao jornal de esportes Soviétski Sport. 

A patinadora Kawaguchi mudou para São Petersburgo para treinar com a técnica Tamara Moskviná. Ela ficou impressionada com a performance da dupla russa Elena Berejnaia e Anton Sikharulidze durante as Olimpíadas de Inverno de Nagano, em 1998, e, segundo a Reuters, escreveu para Moskviná pedindo para treinar com ela. Kawaguchi recebeu cidadania russa e começou a competir pela equipe nacional.

No Japão, sua decisão não foi bem recebida por todos. “Li muitos comentários maldosos na internet”, disse à Reuters. “Aqueles que não entendem as leis dos esportes internacionais me chamaram até de traidora, mas não estou ofendida. As pessoas que entendem como funcionam os esportes sabem que não traí ninguém. Ainda me considero japonesa. Decidi competir pela Rússia porque não tinha uma parceira suficientemente boa no Japão”.

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