Produtor de potássio mira o Brasil

País será um dos líderes do crescimento

País será um dos líderes do crescimento

Espera-se que o setor agrícola do país cresça 40% até 2019. Produtividade está intimamente ligada ao volume total de fertilizantes utilizado nos campos brasileiros.

Atrás somente da canadense PotashCorp e da norte-americana Mosaic, a empresa criada com a fusão das russas Uralkáli e Silvinit vai passar a fornecer potássio para o Brasil através da BPC (Belarusian Potash Company) – que realizava as vendas da Uralkáli no mercado internacional. Contando também com produção própria, a BCP é líder mundial em volume de vendas para os mercado brasileiro e indiano.

“Cerca de 90% do nosso potássio é importado e o Brasil é o 3º maior consumidor do produto no mundo”, explica o pesquisador da Embrapa Vinicius Benites. “Em relação ao potássio, Deus definitivamente não é brasileiro”, brinca.

O consumo de fertilizantes minerais nesse setor praticamente duplicou nos últimos cinco a sete anos. “Os contratos firmados nesses mercados influem de modo considerável nos preços e na demanda de outros mercados de potássio”, afirma o diretor-geral da Silvinit, Vladislav Baumgertner.

“No país, hoje, não há nenhuma fonte de potássio. Em outras palavras: o Brasil vai ter que pagar o preço”, afirma Benites.

Atualmente, são consumidas quase 6 milhões de toneladas de fertilizantes no Brasil e o volume de produção do setor agrícola brasileiro crescerá 40% até 2019, segundo o relatório da ONU sobre o desenvolvimento agrícola e segurança alimentar.

O país deve ser um dos líderes em crescimento no setor nos próximos anos, superando em um terço os tradicionais consumidores dos produtos das companhias russas de fertilizantes – a própria Rússia e a Ucrânia.

Isso se explica pelo fato de que, entre 2008 e 2009, devido à crise, os agricultores aplicaram menos fermento mineral  do que o necessário para o solo.

“Existe uma relação muito estreita entre produtividade e o consumo de fertilizantes no Brasil”, diz Benites. “O país não pode, como a Argentina, ficar 2 ou 3 anos sem comprar potássio”, completa. Segundo a ONU, o ritmo de crescimento será de somente 4% na Europa e de 10% ou 15% nos EUA e Canadá.

Atraente para os produtores de fertilizantes, o Brasil precisaria empreender esforços muito maiores para a criação de uma parceria mais intensa ou uma joint-venture, segundo Baumgertner. “É difícil fazer parcerias porque somente 12 países no mundo possuem grandes reservas de potássio. Além disso, a realização de um projeto totalmente novo nessa área demora uns sete ou dez anos”, explica.

Entretanto, os contratos de compra pontual ainda despertam o interesse dos produtores, já que os preços das transações acompanham com mais rapidez as flutuações do mercado. A fusão, entretanto, não traria muita diferença para o agricultor. “O mercado é dominado por poquíssimas empresas porque é preciso um grande aporte logístico”, explica Benites. “Como o preço é internacional, o produtor rural nem sabe a diferença entre o potássio russo e o canadense”, completa.

Plano B

Em 2010 o governo brasileiro concentrou esforços no âmbito geológico para a identificação de reservas de potássio e a Vale do Rio Doce comprou minas na Argentina com o objetivo de produzir para o mercado brasileiro. “O Brasil não tem reservas como a Rússia, mas conta com reservas potenciais na costa, ou seja, o pré-sal”, conta Benites. A extração do elemento na camada superior ao petróleo, entretanto, não é para um futuro próximo.  

“Não temos margem para, no curto prazo, criar outra alternativa de potássio para substituir a importação”, afirma Benites.

A fusão das produtoras russas deverá se concretizar no segundo trimestre desse ano. As condições do contrato já foram aprovadas pelos conselhos das diretorias, apoiados pelos acionistas.

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