Bolsa de Nova York busca retomar negócios russos

Previsão de lucro em ofertas públicas iniciais de ações emergentes está forçando a bolsa de Nova York a ampliar seus horizontes.

Companhias russas já levantaram bilhões de dólares em ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) no mercado de câmbio. Mas desde que a companhia de aço Mechel entrou em flutuação na bolsa de Nova York (NYSE), em 2004, a maioria delas passou a negociar em Londres ou, mais recentemente, em Hong Kong. Agora, com as IPOs russos valendo bilhões de dólares e aguardando apenas que as condições do mercado melhorem, a bolsa de Nova York está buscando agarrar uma fatia do bolo.

“Ninguém esperava que a Rússia se desenvolvesse tão rapidamente após a crise de 1998 para se tornar um país do BRIC, que agora lidera o crescimento global”, diz Ronald Kent, vice-presidente executivo da NYSE-Euronext, resultado da fusão da bolsa de Nova York com a líder europeia no setor de câmbio. Kent, que já trabalhou com a bolsa de valores de Xangai e é responsável pelos negócios russos, afirma que “a China e a Rússia possuem, ambas, sistemas financeiros domésticos menores do que necessitam suas economias e o principal perigo é que possam acelerar demais.”

Em abril de 2008, o presidente russo Dmítri Medvedev estabeleceu a meta de transformar Moscou num centro financeiro internacional e lançou um pacote de reformas para incrementar os mercados de capital domésticos. O processo foi interrompido quando o colapso do banco de investimentos Lehman Brothers provocou uma queda no mercado russo de ações naquele ano, mas o Kremlin manteve-se firme e continuou a aprovar novas leis, como a proibição do tráfico de informação privilegiada, em agosto de 2010.

Nova York perdeu muito de sua atração depois da introdução, em 2002, do Ato Sarbanes-Oxley, que estabeleceu onerosas exigências de cadastramento para companhias que quisessem tomar parte na bolsa. Mas depois da fusão da NYSE com a Euronext, a bolsa investiu mais de US$ 500 milhões na construção de um sistema integrado que permite aos negociadores comprarem e venderem ações de quaisquer cidades do mundo cobertas pela instituição – como Paris, Madri, Londres e Nova York.

As companhias russas estão encarando com interesse a NYSE-Euronext. Sua participação também evitaria a principal queixa contra a Bolsa de Valores de Londres (LSE) – a de serem tratados como cidadãos de segunda classe. A participação da LSE está dividida em dois níveis: o das companhias registradas no Reino Unido e do resto do mundo. Já que o mercado doméstico de ações e fundos de pensões não podem investir no segundo nível, o montante de capital é limitado.

A Rússia só viu quatro IPOs desde que a crise começou, no final de 2008, e apenas uma delas, o RusAl, teve participação no mercado internacional. Mas analistas calculam que a demanda reprimida de IPOs forçadas a esperar em função da crise poderia subir até US$ 60 bilhões.

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