Mineradora russa tem planos para o Brasil

A brasileira Cosipar está no alvo do empresário Igor Zuzin, dono de mais de 66% da mineradora russa Mechel/Foto: Aleksandr Kondratuk_RIA Novosti

A brasileira Cosipar está no alvo do empresário Igor Zuzin, dono de mais de 66% da mineradora russa Mechel/Foto: Aleksandr Kondratuk_RIA Novosti

A companhia russa Mechel está em busca de mercado para sua mineradora de carvão nos EUA e mira os altos-fornos da paraense Cosipar.

O empresário Igor Zuzin, um dos trinta homens mais ricos da Rússia, pretende comprar parte dos ativos da companhia brasileira Cosipar, a maior produtora latino-americana de ferro-gusa (o produto da redução do minério de ferro num alto-forno). Segundo a agência russa de notícias Interfax, o empresário, dono de mais de 66% da mineradora russa Mechel - a primeira em produção de carvão mineral na Rússia -, tem interesse particular nos altos-fornos da Cosipar e de sua subsidiária Usipar, ambas no Estado do Pará.

O interesse da Mechel em ativos brasileiros reflete sua intenção de entrar no mercado da América Latina e criar uma cadeia produtiva integrada com os ativos internacionais que já possui. Provavelmente o carvão mineral para os altos-fornos brasileiros viria de suas minas recém-adquiridas da Bluestone, nos Estados Unidos. O ferro-gusa brasileiro, por sua vez, abasteceria a fábrica inglesa Mirsteel, também adquirida há pouco tempo.

“A companhia russa há tempos alimenta planos de entrada no mercado do Brasil, onde se observa a crescente necessidade de aço e a escassez de coque. Atualmente, a produção anual de ferro-gusa da Cosipar é de 1 milhão de toneladas. No entanto, a companhia planeja expandir a produção e atingir a meta de 3 milhões de toneladas até 2012, o que levará à necessidade de mais coque”,  destaca o analista Serguei  Kanin, do Gazprombank.

A delegação da companhia russa já visitou o Brasil e reuniu-se com a família Monteiro, proprietária da Cosipar. Entretanto, ainda não está claro o formato do possível negócio. Teoricamente, haveria duas formas de acordo: a companhia russa poderia adquirir os três altos-fornos ou criar um empreendimento conjunto com a Cosipar.

Entretanto, a opção de adquirir os altos-fornos é inviável no momento. Os limites de compras fixados pela reestruturação do crédito da Mechel já foram atingidos. “Por enquanto, a Mechel não fará empreendimentos conjuntos no Brasil”, explicou o representante da companhia. Isso não impede, porém, que o principal acionista, Igor Zuzin, participe pessoalmente do negócio.

“A favor da Mechel está o fato do governo do Estado do Pará estar interessado na realização deste projeto”, informa o relatório analítico do grupo de investimentos Alemar. Segundo o analista da companhia, Vitáli Domnich,  a governadora do Estado Ana Júlia Carepa (PT) teria prometido abater impostos para o investidor russo, com a condição deste construir um terminal portuário nas proximidades do projeto. 

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