Crimeia, a península que parou no tempo

Palácio Do Khan abriga uma das maiores mesquistas da Crimeia Foto: Lori/Legion-Media

Palácio Do Khan abriga uma das maiores mesquistas da Crimeia Foto: Lori/Legion-Media

Turistas são atraídos por beleza natural quase intocada da península. Entre os destaques da região figuram a imensidão azul dos mares Negro e de Azov, os sombrios desfiladeiros dos cânions locais e as águas termais que já curaram pessoas com doenças pulmonares gravíssimas.

Tavrida, antigo nome da Crimeia, é um enorme museu a céu aberto. Sua principal marca, a variedade arquitetônica, foi deixada por uma história riquíssima. Cidades de grutas, muralhas e torres de fortalezas medievais, numerosos templos cristãos, mesquitas muçulmanas, sinagogas judaicas, mosteiros da Idade Média. Tudo isso reunido em um só lugar.

O nome das cidades – Ialta, Simeiz, Partenit e Livadia, por exemplo – também dizem muito da herança otomana e grega. No entanto, a Crimeia contemporânea não se parece nem com a Europa, e tampouco com a Turquia.

Hoje, a Crimeia é um tanto selvagem, que parece ter estacionado no período soviético. A própria existência da linha de ônibus elétrico intermunicipal mais longa do mundo (96 km), implantada em 1959, é sinal disso. Os ônibus arredondados têm aquele ‘ar simpático’, comum em filmes antigos. E ali circulam o dia inteiro, como uma espécie de museu sobre rodas.

Ao longo de sua história, os balneários e as belezas naturais fizeram da Crimeia o local de descanso preferido – e único – de soviéticos em férias, bem como de cineastas diversos. Aliás, a Crimeia foi um dos cenários cinematográficos mais ativos da União Soviética.

Atrações obrigatórios


A apenas meia hora de Ialta, Simeiz impressiona por tranquilidade e limpeza Foto: Lori/Legion-Media

A exuberância das paisagens só é mesmo superada pelas propriedades medicinais de suas estações termais. Não são poucas os relatos de pessoas com graves doenças pulmonares que haviam sido desenganadas por seus médicos e, depois de se mudar para cidades como Ialta, por exemplo, viveram mais 30 ou 40 anos.

Ialta, conhecida como a “cidade da felicidade”, abriga lugares movimentados e outros muito tranquilos. Além disso, é o ponto central da rede de transporte, de onde o turista pode facilmente pegar um ônibus para qualquer outra localidade da península.

A visita às praias de Massandrovski, com direito a experimentar o vinho homônimo, é parada obrigatória. Bondinhos, a fortaleza Ninho da Andorinha, os castelos de Diulber e Kitchkine, Vorntsovsk e Livadiiski, o jardim botânico Nikitski e o parque florestal de Ialta são apenas alguns itens da longa lista de atrações.

Outra pedida certa é Simeiz, uma cidadezinha tranquila e limpíssima que fica a apenas meia hora de Ialta. Ali, o turista se depara com a beleza extraordinária de um parque dos anos 1930 e do penhasco Diva, em torno do qual foram encontradas ruínas de templos antigos.

Turismo nada convencional

A enorme quantidade de locais semiabandonados, porém pitorescos, fazem a alegria dos amantes de paisagens inusitadas. Entre eles, estão, por exemplo, os campos de alfazema nas cercanias do povoado de Turguêniev, entre Simferópol e Sevastopol. Como muitos moradores da região nem sabem da existência de tais lugares, essa busca será, provavelmente, uma viagem solitária.


Campos de alfazema nos entornos de Turguêniev Foto: Lori/Legion-Media

A igreja de São Lucas encontra-se onde antes ficava a aldeia grega de Laki, completamente destruída. Hoje, ainda são celebradas missas nesse lugar, que conquistou etnógrafos e turistas ecológicos.

A Pequena Jerusalém é mais um cantinho secreto, bem no coração de Evpatoria. Mesquitas, um templo armênio, uma igreja ortodoxa, sinagogas e mosteiros muçulmanos – tudo isso em um único lugar. No verão, a principal rua da cidade, Karaimskaia, transforma-se em mercado e palco de festas regionais.

Infraestrutura e serviços


Ônibus elétrico intermunicipal é uma espécie de museu sobre rodas na Crimeia Foto: Lori/Legion-Media

Desde que foi reanexada à Rússia, em março de 2014, a Crimeia encontra-se em um período político e econômico de transição. Por enquanto, não foram realizadas grandes obras de reforma no território da península.

Quem está habituado, por exemplo, com a limpeza e os serviços da Europa, terá dificuldades em se acostumar com o abandono em que se encontram alguns prédios e ruas.

Também estão na mesma situação os chamados “galinheiros”, isto é, casinhas simples e sem conforto oferecidas para acomodação dos turistas. 

Porém, viajar para a Crimeia não é para quem busca conforto; a viagem vale mais pelo ar puro, pelo perfume de campo, pelas paisagens naturais, pelo céu estrelado e pelos preços acessíveis.

A passagem para Simferópol, onde fica o único aeroporto da península, custa entre 2.500 a 4.500 rublos (R$ 140 a R$ 250), partindo de Moscou. Linhas Aéreas dos Urais, Aeroflot, Iaml, VIM-Avia e Transaero são algumas companhias áreas que viajam para a região.

Também é possível viajar à Crimeia saindo de São Petersburgo, Rostov-no-Don e Novosibirsk.

Onde ficar


Vila de Balaclava, em Sevastopol, é boa opção para fugir do caos no centro da cidade Foto: Lori/Legion-Media

As maiores cidades da Crimeia – Simferópol e Sevastopol – são barulhentas e um tanto caóticas. Nelas, o ritmo de vida é intenso, e os preços nos cafés comparam-se aos de Moscou. Se a intenção é respirar ar puro à beira-mar e curtir o silêncio da noite, procure um cantinho no sul da Crimeia.

Nas grandes cidades, o preço médio de um apartamento de dois quartos fora da temporada é de 1.000 rublos (R$ 55) por dia; durante a alta temporada, no meio do ano, os preços quadruplicam.

Mas o visitante pode também procurar hospedagem em uma das tantas cidadezinhas calmas, como Partenit, Simeiz, Aluchita, Alupka, Gurzuf, Gaspra e Foros. 

 

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