Cidade sob a cidade: viagem subterrânea por Moscou

O rio Neglinnaia é um afluente do rio Moscou com 7,5 km de extensão, tão antigo como a própria capital Foto: mosextreme.ru

O rio Neglinnaia é um afluente do rio Moscou com 7,5 km de extensão, tão antigo como a própria capital Foto: mosextreme.ru

Bem debaixo dos pés dos moscovitas oculta-se um mundo de túneis, bunkers, depósitos e catacumbas. Os caminhos subterrâneos de Moscou alcançam dezenas de metros de profundidade e muitos deles permanecem até hoje como locais estritamente secretos.

Bunker-42 e Museu da Guerra Fria

O bunker localizado próximo à estação de metrô Taganskaia foi construído na década de 1950, no auge da Guerra Fria.  A entrada para o túnel subterrâneo fica camuflada na fachada de uma casa comum do século 19, cujas paredes escondem uma proteção de concreto de seis metros de espessura. O bunker está localizado a uma profundidade de 65 metros (em torno de 17 andares), no mesmo nível que a linha Circular do metrô.

O complexo subterrâneo ocupa mais de 7.000 metros quadrados, divididos em quatro blocos de  túneis. Ali se situava um ponto de comando reserva do Estado-Maior da aviação de longo alcance, que poderia operar caso Moscou sofresse um bombardeio nuclear. A temperatura no bunker é de 16°C.

Foto: mosextreme.ru

Em 2006, foi inaugurado dentro do bunker o Museu da Guerra Fria. Ali os visitantes podem experimentar uniformes militares, manusear armas, explorar os túneis outrora secretos usando capacetes e trajes de proteção, colocar-se no papel de operador de rádio militar, bem como “lançar” ogivas nucleares, pressionando o famoso botão vermelho.

http://www.bunker42.com/

Bunker de Stálin

O chamado “Bunker de Iossif Stálin” está localizado não muito longe da estação de metrô Izmailovskaia. A instalação, criada na década de 1930, foi originalmente concebida como um posto de comando alternativo do Comandante Supremo da União Soviética e está conectada ao Kremlin por um túnel subterrâneo de 17 quilômetros.

Stálin trabalhou ali entre final de novembro e início de dezembro de 1941, durante o período inicial da Grande Guerra Patriótica – como é conhecida a Segunda Guerra Mundial na Rússia. Foi precisamente nesse bunker que foi tomada a decisão de não abandonar Moscou e defendê-la até o final.

Foto: mosextreme.ru

Desde 1996, o local foi transformado em museu e está aberto à visitação pública. O bunker em si é relativamente pequeno e conta com sala de reuniões, gabinete de trabalho, salas de recreação, despensa e refeitório.

http://www.elpida.ru/stalin (em russo)

Rio subterrâneo

O rio Neglinnaia é um afluente do rio Moscou com 7,5 km de extensão, tão antigo como a própria capital. As primeiras menções desse rio coincidem com as primeiras referências a Moscou, no ano de 1147.

O Neglinnaia nasce em Marina Roscha, bairro no nordeste da cidade, passa por debaixo do centro, sob o jardim de Aleksandr, e deságua no rio Moscou através de um grande orifício revestido de pedras na encosta da Avenida Beira-Rio e que pode ser visto da Grande Ponte de Pedra.

Ao longo de quase todo esse percurso o rio Neglinnaia permanece “aprisionado” em grandes tubos. Uma empresa privada organiza excursões por uma das partes desse túnel de pedra. No entanto, até mesmo uma excursão agendada corre o risco de ser subitamente cancelada por causa da chuva, já que a água do rio pode subir.

O rio Neglinnaia é considerado um dos lugares mais místicos de Moscou: frequentemente os “diggers”, como são chamadas as pessoas que têm fascínio por explorar espaços subterrâneos, veem fantasmas no túnel. O túnel de pedra pode ser acessada através de um perto da estação de metrô Sretenski Boulevard.

http://mosextreme.ru/dungeon (em russo)

Pedreiras Sianovskie (ou Siani)

Nessas pedreiras do século 17 era extraído calcário para a construção de fortificações e templos de Moscou e, por essa razão, passou a ser chamada de “bielokamenaia” (“feita de pedras brancas”, em russo).

Na época soviética, as pedras extraídas eram transportadas para reforçar pistas de decolagem. Depois, durante a Segunda Guerra Mundial, um hospital foi montado no local e posteriormente, uma estação sísmica.

Foto: Alalmy/Legion Media

Em 1974, as entradas que davam acesso às pedreiras Sianovskie foram tampadas com terra. Na época, o sistema de passagens subterrâneas se estendia por mais de 90 km. Em julho de 1988, uma das entradas foi novamente aberta por entusiastas e, em 2007, acabou sendo totalmente reformada por moradores locais e pessoas que visitavam regularmente as Siani.

Os frequentadores regulares das pedreiras Sianovskie se autodenominam “sistemschiki”, e uma subcultura própria, com tradições, regras, mitos e rituais, se desenvolveu em torno da caverna.

A altura dos túneis do sistema das pedreiras Sianovskie varia de 0,4 a 3,5 metros e a profundidade a que chega o declive é de 25 a 30 metros. A temperatura no interior das cavernas é de 7 a 10 °C. Para chegar até a entrada das cavernas é preciso tomar o ônibus 439 na estação do metrô Domodedovskaia e descer no ponto Potchta. O percurso leva 35 minutos.

http://mosextreme.ru/dungeon (em russo)

 

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