Russos ficam em terceiro lugar entre turistas na Europa

Foto: Shutterstock / Legion Media

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Simplificação na retirada de vistos foi um dos fatores para guinada russa, mas tendência não se verificou no Brasil e na Argentina.

Em 2013, a Rússia ficou em terceiro lugar no ranking dos países que mais enviaram turistas à Europa, de acordo com dados da Associação de Operadores Turísticos da Rússia e da Comissão Europeia do Turismo. Com uma fatia de 6% dos turistas no continente, a Rússia só ficou atrás da Alemanha e do Reino Unido, responsáveis por 14% e 9% do turismo, respectivamente. Atrás da Rússia, vieram França, Holanda e Itália.

Segundo a diretora-executiva da Associação dos Operadores de Turismo da Rússia, Maia Lomidze, os resultados se devem ao fato de os europeus terem passado a viajar menos devido à crise.

“Na Espanha, por exemplo, a crise levou à falência milhares de agências de viagens. Os russos foram uma espécie de carta na manga dos europeus. Durante a crise, muitos países se reorientaram para os russos”, diz.

Vistos fáceis

A porta-voz da Rosturizm (Agência Federal de Turismo da Rússia), Irina Chegolkova, acredita que o fator que mais influencia a demanda é o regime de vistos dos países.

“Quando caiu o regime de vistos para turismo na Turquia, o número de turistas aumentou muito - e vice-versa. Recentemente, simplificou-se também o regime de vistos com a China e imediatamente se verificou um aumento de 86% no número de viagens em 2013, em comparação a 2012”, diz.

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“No ano passado a Grécia deu vistos com muita facilidade, o que criou um enorme fluxo de turistas para lá. Também a Espanha começou a dar vistos de entrada múltipla e imediatamente disparou o número de viagens para o país. A mudança mais radical se deu com a França, que começou a conceder vistos de entrada múltipla com validade para cinco anos.”

Mas só a ausência de visto não basta para atrair o viajante. Países como o Brasil e a Argentina aboliram o regime de vistos para turistas, mas ainda são destinos pouco populares. O principal obstáculo é o elevado preço do voo.

Os principais destinos dos russos são Grécia, Espanha, Finlândia, Itália e Chipre. Bulgária, Croácia, França e Reino Unido são o segundo bloco dos mais visitados pelos russos, mas com uma grande margem de diferença para o primeiro.

Entre a praia e o museu

Segundo Chegolkova, a preferência dos russos é por destinos com praia. “No primeiro semestre de 2014 [quando é inverno], o top entre os destinos escolhidos pelos russos ficou com Egito e Tailândia, e, no verão, com a Turquia. Muitas pessoas vão para os Emirados Árabes e para o sul da Europa – Itália, Espanha e Grécia. Além disso, como a Finlândia tem um sistema de descontos para os habitantes de São Petersburgo, muito gente tem ido para lá.”

Grande parte da Europa entra em outra categoria menos popular: a do turismo cultural. Nessa, as pessoas tendem a visitar o maior número possível de cidades na mesma viagem, indo principalmente de ônibus para as capitais europeias. “Esses turistas costumam viajar para Alemanha, Itália, França, Finlândia, Suíça, Reino Unido e Lituânia”, diz.

Sol distante

De acordo com Chegolkova, um fator que impede a organização de voos charter mais baratos para a América do Sul é a criminalidade.

A América do Sul poderia atrair os turistas russos com suas praias e belezas naturais, mas seria preciso muito trabalho no marketing desses países. “É só ver como o México se está promovendo atualmente. Na Expo Turismo de Moscou, o México se apresentou com um stand enorme, muitos banners e publicidade. A promoção do país sai caro, mas sem isso as pessoas não o escolhem como destino”, explica.

O nicho se torna ainda mais promissor com as previsões de que o número de turistas russos na Europa deverá diminuir em breve devido ao aumento acentuado do euro em relação ao rublo. Nesse contexto, deverão sair ganhando destinos que fazem a cotação dos preços com base no dólar.

“Os países que mais ganham com essa situação são, principalmente, o Egito, que recebe quase 2 milhões de turistas russos, a Tailândia, com um fluxo na ordem de um milhão, os Emirados Árabes, com cerca de 700 mil turistas, e a República Dominicana, os países do Caribe, a Índia e a Indonésia. Os países da América Latina também têm chance de se sobressair”, diz Lomidze.

 

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