Ecoturismo com focas do Mar Branco ganha novos adeptos

As focas pequenas são crédulas e as pessoas podem se aproximar delas, tirar fotografias e acariciá-las Foto: AFP / East News

As focas pequenas são crédulas e as pessoas podem se aproximar delas, tirar fotografias e acariciá-las Foto: AFP / East News

Observação de focas em seu habitat natural atrai onda de visitantes ao Círculo Polar.

Nilmoguba é uma vila na foz do rio Nilma, no Mar Branco, e a estação ferroviária mais próxima se chama exatamente “Círculo Polar”. No inverno,  a neve chega à cintura e e meio à imensão branca, surge a Aurora Boreal. Já no verão, as noites são brancas.

Nos últimos anos cada vez mais ecoturistas visitam a região, porque ali é possível participar de expedições fotográficas de uma semana para o habitat natural das focas.

Nilmoguba  - alugar um equipamento de mergulho a qualquer momento do ano e mergulhar nas águas do Mar Branco. Ali também tem um delfinário, operando ao ar livre, onde são treinados golfinhos brancos grandes, e para quem o Mar Branco gelado é o seu lar.

Há quatro tipos de foca no Mar Branco. "Em primeiro lugar, temos a lakktak, ou foca barbuda. É fácil reconhecê-la pelo seu grande bigode espetado. Em seguida, a Foca-anelada; sua pele cinzenta ou marrom tem manchas em forma de anéis. A foca da Groenlândia é uma visita rara, ela entra no mar apenas na época do parto. E ainda existe a foca cinzenta, mas ela habita perto da Península de Kola, e não vem para a nossa Velikaia Salma [canal do Mar Branco]", explica o instrutor Mikhail.

A ideia de mostrar animais para os turistas em seu habitat natural não é nova, mas a Rússia não parece ser o país mais apropriado para a sua realização. Até mesmo na reserva é difícil garantir que o animal apareça, enquanto que o urso ou o alce, aparecem exatamente quando menos se espera. O norte da Rússia provou ser o lugar mais promissor para o encontro do homem com a natureza. Os espaços enormes de gelo oferecem uma vantagem: é muito mais fácil encontrar alguém no gelo do que entre as moitas intransponíveis. Além disso, conhecendo os lugares e rotas de migração, a garantia de se encontrar o animal desejado é de praticamente 100%. 

Na primavera, as focas geralmente se reúnem, onde as pequenas enseadas ainda estão unidas pelo gelo. O gelo da primavera já não é mais tão resistente, parece um pouco derretido e não muito confiável, mas na realidade pode suportar o peso de um par de focas. Estas são excelentes  quebra-gelos, são também capazes de subir em uma geleira, em qualquer lugar, garantindo a sua segurança estratégica - nem o homem consegue se aproximar silenciosamente nem o urso poderá abordá-la.

Durante a espera do momento para apertar o botão da câmera, os dedos dos ecoturistas congelam, os olhos lacrimejam com o vento, mas para eles, nada disso não parece ter importância.

Esse era o sonho dos protetores de animais: substituir o comércio da foca, existente durante séculos, pelo ecoturismo. Há alguns anos, uma onda de protestos contra o comércio de pequeninas e indefesas focas-filhotes da Groenlândia correu o mundo todo. Esse tipo de negócio existiu na Rússia e outros países do norte, como a Noruega, Dinamarca, Canadá. O número de abates por temporada, que dura apenas cerca de dez dias, chega a dezenas de milhares de bebês. Em apenas um ano de campanha dos ativistas alcançou a proibição total da caça à foca na Rússia, em vigor desde março de 2009.

A carne da foca salvou pessoas em Arkhangelsk e Leningrado durante o cerco, em tempos de fome e durante a guerra. Arkhangelsk até ganhou um monumento de reconhecimento à foca. Sua gordura era utilizada como combustível e fazia parte de alguns medicamentos populares.

"As excursões para as focas agora são muito limitadas quanto ao tempo", conta o guia turístico. "Os filhotes nascem bem no início de março e permanecem branquinhos como a neve somente por duas semanas, enquanto se alimentam de leite. Durante esses dias, podemos organizar voos de Arkhangelsk em helicópteros para os blocos de gelo. Os turistas passam o dia inteiro nestes jardins de infância."

"Por isso organizamos um grupo por ano, no início de maio",  continua. "Nessa época o gelo começa a derreter e o arenque do Mar Branco se aproxima das margens.  As focas reúnem-se aos montes; engordam muito com o arenque. O gelo aqui desaparece do mar muito rápido, em uma semana, e não dá para reconhecer a superfície da água."

Para mais informações a respeito dos roteiros turísticos, visite o site do Centro de mergulho “Círculo Polar”.

 

Publicado originalmente pelo Strana.ru

Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.

Este site utiliza cookies. Clique aqui para saber mais.

Aceitar cookies