8 escritores russos e seus bichinhos de estimação

Musas de Tchékhov e Sorókin não são só mulheres, mas bassês e galgos.

Ernest Hemingway tinha quase 50 gatos no seu quintal, e os bichanos amestrados de Mark Twain se fingiam até de mortos. O poeta inglês William Wordsworth sempre lia poemas para seu cão, e o americano Kurt Vonnegut, certa vez, disse: “O cachorro serve mais como musa que a mulher porque, diferentemente da última, ele está sempre ao seu lado”. A Gazeta Russa compilou uma lista dos gênios clássicos e contemporâneos da literatura do país e suas paixões por bichos de estimação:

1. Lev Tolstói e os cavalos

Tolstói montado a cavalo em sua propriedade em Iásnaia Poliana / RIA NôvostiTolstói montado a cavalo em sua propriedade em Iásnaia Poliana / RIA Nôvosti

O conde Lev Tolstói amava cavalos e montou toda a vida. Ele dizia que isso o ajudava a dar a volta na melancolia e se sentir em comunhão com a natureza. Os cavalos eram também protagonistas em muitas de suas obras - a mais famosa delas sobre o tema é o conto “Kholstomér”, que tem um cavalo como narrador. Há também o cavalo Fru-Fru, com o qual cai Vrônski durante a corrida no romance “Anna Karênina”

2. Antón Tchékhov e os bassês Brom e Khina

 Tchékhov em "Melikhovo" em 1897. / Domínio Público Tchékhov em "Melikhovo" em 1897. / Domínio Público

Tchékhov era um grande fã de bassês. Em sua propriedade “Melikhovo”, nos arredores de Moscou, dois cães dessa raça viveram por muitos anos: Brom Issáievitch e Khina Markôvna. Médico, o escritor tirou os nomes de seus cachorrinhos de medicamentos do século 19. Ele podia conversar por horas a fio com Brom e Khina, que hoje têm monumentos de bronze em sua homenagem no museu-propriedade “Melikhovo”. Ali também ocorre, todos os anos, o Festival Pan-russo de Bassês.

Certo dia, Tchékhov trouxe do Ceilão um mangusto, diante do qual os bassês recuaram. O mangusto fazia uma grande bagunça na casa de Tchékhov: destruía tudo o que lhe cruzasse o caminho, cavava os vasos de flores, subia pelas barbas do pai de Tchékhov.

3. Vladímir Maiakóvski e o buldogue Bulka

Maiakóvski e seu buldogue francês / Foto de arquivoMaiakóvski e seu buldogue francês / Foto de arquivo

Maiakóvski amava ir à França e sempre trazia de lá compras chiques. Em uma dessas viagens, ele retornou com um cachorro popular entre os boêmios, um buldogue francês. O poeta levava Bulka consigo em todas as viagens. Segundo as recordações de amigos de Maiakóvski, o cachorro dava trabalho: frequentemente era preciso doar seus filhotes para conhecidos. 

4. Vladímir Nabôkov e seus cachorros

Vladímir Nabôkov (3° da esq. para a dir.) e sua família / Foto: vladimirnabokov.ruVladímir Nabôkov (3° da esq. para a dir.) e sua família / Foto: vladimirnabokov.ru

Uma ninhada inteira de cachorros vivia na casa dos Nabôkov. A mãe do escritor amava bassês marrons e, com o tempo, o próprio Nabôkov passou a adotar cachorros dessa raça. O primeiro se chamava Lulu, seu filhote, Boks Primeiro. O último da família foi o Boks Segundo, da linhagens dos famosos bassês de Tchékhov. Foi justamente com Boks Segundo que Nabôkov emigrou e viveu em Praga. Seus contemporâneos relembram que ele sempre passeava pelas ruas com seu bassê vestido com um paletô de lã costurado especialmente para ele. 

5. Iossif Bródski e seus gatos

Uma das muitas fotografias retratando Bródski e seus gatos. / Foto: iosif-brodskiy.ruUma das muitas fotografias retratando Bródski e seus gatos. / Foto: iosif-brodskiy.ru

Os gatos eram companheiros de viagem constantes na vida de Bródski, e o escritor aparece com eles em muitas fotos. Existem até piadas sobre a afeição do escritor aos felinos. Um dia, um jornalista foi encontrá-lo e, depois da conversa, para mostrar seu grande apreço pelo convidado, o escritor sugeriu que esse acordasse para ele seu gato preferido.

“Sou como um gato. Olhe, veja, gato. O gato está se lixando se existe a sociedade ‘Memória’. Ou os órgãos de propaganda do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética. Para ele também tanto faz se o presidente dos EUA existe ou não. No que eu sou pior que esse gato?”, disse ele durante a entrevista.

6. Serguêi Iessiênin e o cachorro Seriôjka

O poeta Serguêi Iessiênin era um grande fã e amigo dos animais. / Foto: esenin.ruO poeta Serguêi Iessiênin era um grande fã e amigo dos animais. / Foto: esenin.ru

Certa vez, o poeta Serguêi Iessiênin viu em uma feira um cachorro ruivo tremulante, não se aguentou e o comprou. O vendedor passou o cão como sendo de raça. O poeta deu seu nome ao cachorro, estava muito satisfeito com a compra e o mostrava a todos que vinham visitá-lo. Alguns dias depois, e o cachorro Seriojka (apelido de Serguêi), começou a ganir e mexer nas longas orelhas com as patas. Acontece que ele era um simples vira-lata, e suas orelhas pendiam porque estavam costuradas.

O tema do amor aos animais sempre aparece nos poemas do escritor. Em cada pássaro, vaca e cavalo, o poeta crescido no interior via uma alma viva, relacionava-se come sses com carinho e compaixão. O poeta confia aos cães suas aflições, como no conhecido poema “Dê-me sua pata, Jim, para uma boa sorte”. Já a forte história de uma cadela que perde seus filhotes é contada pelo poeta em “Canção sobre um cão”.

7. Vladímir Sorókin e os galgos Rom e Fom

Estrela da Flip de 2014, Sorókin diz gostar de estar rodeado de beleza. / Foto: KommersantEstrela da Flip de 2014, Sorókin diz gostar de estar rodeado de beleza. / Foto: Kommersant

O escritor contemporâneo Vladímir Sorókin, estrela da Festa Literária Internacional de Paraty de 2014, aparece em muitas de suas fotografias com dois cães de feições aristocráticas. São seus amados whippet Rom e Fom. O escritor diz gostar de sentir rodeado de beleza: “Eu até arriscaria fazer coro à máxima de Dostoiévski que diz que ‘a beleza salvará o mundo’”, afirma Sorókin.

8. Dária Dontsóva e os pugs

Escritora de detetives bestsellers, Dontsova aparece rodeada de pugs nas capas de todos seus livros. / Foto: Grigoriy Sisoev/TASSEscritora de detetives bestsellers, Dontsova aparece rodeada de pugs nas capas de todos seus livros. / Foto: Grigoriy Sisoev/TASS

A escritora ultrapopular de livros de detetives irônicos Dária Dontsóva sempre foi associada por seus leitores aos cães da raça chinesa pug. Na atualidade, ela lança anualmente alguns bestsellers de literatura de segunda, mas todas as capas de seus livros têm algo em comum: uma foto da escritora rodeada por cachorros dessa raça. A autora intitulou até seu palacete nos arredores da cidade de “Pugs House”, e reconhece que ali se pode encontrar praticamente qualquer objeto em forma de pug: sua coleção tem milhares de suvenires, assim como luminárias, cortinas e até roupas. 

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