Overdose Dostoiévski

Ano começa com ciclo de cinema em São Paulo e novas traduções.

Ano começa com ciclo de cinema em São Paulo e novas traduções.

Ullsteinbild / Vostock-photo
Apreciadores do escritor têm lançamentos de livros e ciclo de cinema em São Paulo. Nova coletânea mostra processo criativo e polêmicas que tornaram autor notório no jornalismo.

Trunfo das publicações culturais do país, a obra de Dostoiévski (1821-1881) e suas revisitações não param de se renovar no país. Após o lançamento da editora 34, em dezembro, de nova tradução de "O adolescente", pelo aclamado Paulo Bezerra, em março a Hedra publica "Diário de um escritor", vertida ao português pela dupla Moissei e Daniela Mountian.

Se "O Adolescente" (1875) foi considerado por Herman Hesse "um dos grandes romances de Dostoiévski", negligenciado apesar de sua importância, "Diário de um escritor" não fica atrás em seu valor. A coletânea, que sairá em quatro tomos, reúne mais de mil paginas de ensaios, crônicas e contos produzidos pelo autor entre  1873 e 1881, ano de sua morte.

Originalmente, "Diário" foi o título de uma coluna assinada por Dostoiévski na revista de política e literatura "O cidadão", e que, a partir de 1876, passou a ser publicada como uma nova revista.

Nas páginas da nova coletânea, é possível entender como, com a atividade de jornalista e polemista, e não como escritor,  Dostoiévski conquistou notoriedade.

O interesse pelo Diário não reside, no entanto, apenas nas polêmicas de seu tempo: em suas páginas, é possível acompanhar o próprio processo criativo do autor, que “constrói uma teoria estética ao mesmo tempo que a aplica”, como observa Irineu Franco Perpétuo na apresentação do volume.

"Vale lembrar que, na Rússia do século 19, o principal meio de circulação e difusão de ideias eram as 'revistas grossas', lidas em todo o vasto território nacional, nas quais a melhor ficção dos autores que fizeram a glória mundial das letras russas convivia com ensaios, críticas e reflexões de teor político, social e filosófico. Quem desejasse participar do debate de ideias na Rússia devia, obrigatoriamente, envolver-se na publicação dessas revistas, e Dostoiévski não queria outra coisa", escreve Perpétuo.

O primeiro tomo, que data até 1873, sai em março e terá um ciclo de cinema baseado em obras de Dostoiévski (incluindo a célebre versão de "O idiota", em 1951, por Akira Kurosawa) em São Paulo.

Mais informações sobre o ciclo de cinema em nosso calendário cultural.

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