Mineiro se destaca em festival de grafite em Iekaterinburgo

Mazza busca inspirações no dia a dia para compor seus murais

Mazza busca inspirações no dia a dia para compor seus murais

Dmítri Tchabanov
Em entrevista, Thiago Mazza fala sobre sua arte e primeiras impressões da Rússia.

A cidade de Iekaterinburgo, a quarta maior da Rússia, sediou entre os dias 1 e 3 de julho o festival anual de arte de rua e grafite “Stenograffia”, no qual artistas de rua pintam as fachadas dos edifícios e muros da cidade.

Entre os cinquenta artistas que participaram do evento, além da grande maioria de russos, havia também representantes de Veneza e de Belo Horizonte.

O artista brasileiro Thiago Mazza, um dos destaques do Stenograffia-2016, contou ao portal stenograffia.ru sobre o que achou de participar do festival:

Você está visitando a Rússia pela primeira vez. Quais são as suas primeiras impressões de Iekaterinburgo? Já teve tempo de passear um pouco pela cidade?

Iekaterinburgo lembra o Brasil em muitos aspectos: há uma grande quantidade de artistas, tags e murais realmente muito bons. Estou realmente gostando de minha primeira visita à Rússia. Há um contraste muito intenso entre a arquitetura contemporânea e a clássica.

Como você descobriu o Stenograffia, vivendo a 7.000 km de distância daqui?

Bem, simplesmente me deparei com trabalhos de outros artistas e resolvi tentar. É até um pouco difícil de acreditar que tudo isso aconteceu. Aqui todos me tratam muito bem, estou hospedado em um conjunto de prédios muito legal, o “Ogni Iekatirenburga” (Luzes de Iekaterinburgo), em nenhuma outra cidade vivi com tanto conforto. Todos são muito simpáticos, sinto que as pessoas compreendem as minhas ideias, isso é muito importante para mim.

Onde você busca inspiração para as suas obras?

Muitas coisas me inspiram. Ontem eu estava passeando em um parque que fica perto do prédio onde estou hospedado e vi uma coruja! Ela ficou virando a cabeça para lá e para cá, e eu também fiquei virando a cabeça em resposta a ela. Hoje vi um pombo, provavelmente é um daqueles que costumam soltar em casamentos, tinha uns círculos pretos ao redor dos olhos. Ele era tão legal! Tenho vontade de explorar melhor a cidade, entrar em contato com a natureza daqui.

Tiago Mazza Foto: Dmítri TchabanovMazza: "Iekaterinburgo lembra o Brasil em muitos aspectos" Foto: Dmítri Tchabanov

Fale sobre o seu trabalho. Por que escolheu a história de São Jorge (santo cuja imagem aparece no brasão de armas de Moscou – N.do E.)? Você sabe que essa é uma imagem muito viva na Rússia? Ela está presente até em moedas...

Sim, eu já consegui reunir uma coleção de moedas russas. A imagem de São Jorge também é muito famosa no Brasil. Esse santo também faz parte da cultura tradicional de meu país. Só que, na versão brasileira, ele vive na Lua.

Na Lua?

Sim, até existe uma canção sobre ele. Ela começa assim: “Lua de São Jorge, Lua deslumbrante”. Na minha opinião, no que se refere à parte visual, a arte gráfica russa é simplesmente impressionante. Quando fiquei sabendo que viria a Iekaterinburgo, comecei a procurar exemplos de arte gráfica russa e fiquei simplesmente atordoado. Parece-me que qualquer artista no mundo tem a obrigação de se apaixonar por ela. Muitos detalhes e peculiaridades me vieram à cabeça quando eu já tinha começado a desenhar. Vi um grande mural montado com mosaico: grosseiro, mas com um estilo muito expressivo, ficou ótimo! Acho muito legal que a arte russa e toda a cultura russa, em geral, sejam tão originais. Dá vontade de ficar ouvindo a minha música favorita e desenhar.

Que tipo de música?

Atualmente, só escuto música brasileira. Existem poucos países no mundo onde há tantos artistas, músicos e pessoas criativas em geral como no Brasil. Não estou dizendo que eles não existam em qualquer outro lugar, mas quando a gente canta canções brasileiras, todo mundo que está em volta gosta delas, todos começam a sorrir. Para mim, isso é simplesmente incrível, fico ouvindo música o tempo todo e tenho a impressão de que as boas canções vivem em um mundo atemporal, e a música sobre São Jorge é prova disso. Não é mesmo?

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