As maiores contribuições russas para os palcos

Sala de espetáculos do Teatro de Ópera e Balé de Vladivostok inaugurada no último dia 18 Foto: Vitáli Ankov/RIA Nóvosti Foto: RIA Nóvosti

Sala de espetáculos do Teatro de Ópera e Balé de Vladivostok inaugurada no último dia 18 Foto: Vitáli Ankov/RIA Nóvosti Foto: RIA Nóvosti

No Dia Mundial do Teatro, confira curiosidades sobre os dramaturgos, as peças e os empresários artísticos mais influentes do país.

Peças de Tchékhov

No primeiro trimestre do século 20, as peças de Tchékhov foram um avanço na dramaturgia mundial. Os seus temas distinguiam-se dos dramas tradicionais da época pelo seu caráter psicológico específico. A única coisa que Tchékhov não indicava era o caminho para a salvação dos heróis. Em vez disso, envolvia o espectador no estudo dos modelos cotidianos de comportamento das personagens e desafiava cada um a tirar as suas próprias conclusões.

Juntamente com os trabalhos de Ibsen, Bernard Shaw e Strindberg, a obra de Tchékhov formou a base do “Novo Drama”, uma importante orientação teatral na virada do século 20. Dramaturgos proeminentes reverenciaram Tchékhov como o pai do teatro psicológico.


Retrato de Mikhail Tchékhov Foto: Arquivo

Bernard Shaw, por exemplo, classificou a sua peça “Casa dos Corações Partidos” como uma “fantasia ao estilo russo com temas ingleses”. Já Tennessee Williams adorava “A Gaivota” e, durante toda a sua vida, acalentou o sonho de subir ao palco a sua própria interpretação da peça.

“A Gaivota”, assim como “As Três Irmãs” e “O jardim das Cerejeiras”, foi traduzida para mais de 80 línguas e foi encenada inúmeras vezes no Reino Unido, Alemanha, França, Japão e EUA, entre outros países.

Sistema de atuação de Stanislávski e Tchékhov

Retrato de Stanislávski Foto: RIA Nóvosti 

O famoso “Não acredito!” de Stanislávski se tornou um meme na comunidade teatral mundial. O diretor, que foi um dos fundadores do Teatro de Arte de Moscou, ganhou fama de “treinador severo” entre os atores.

O seu sistema de técnicas de atuação ensinava os artistas a “viver o papel”. Stanislávski não só forçava os atores a mergulharem, passo a passo, na personalidade da personagem, mas também a encontrar semelhanças com os seus próprios sentimentos e, em seguida, encarná-los no palco. 

Passados mais de 100 anos, os seus métodos são ministrados em escolas de atuação ainda hoje. E muitas estrelas de cinema já assumiram ser fãs incondicionais de sua metodologia, desde Keira Knightley a Benedict Cumberbatch.

Tchékhov foi discípulo e seguidor de Stanislávski, mas, grande parte do seu sistema entrou em atrito com os postulados do professor. Para Tchékhov, uma boa atuação pressupunha afastamento: em vez de se identificar com a personagem, o ator deve copiar escrupulosamente as emoções da personagem, prestando atenção à sua atuação e testando a si mesmo quanto à naturalidade do desempenho. Hoje, o sistema de Tchékhov ultrapassa em popularidade o de Stanislávski. Entre os seus seguidores estão Clint Eastwood e Jack Nicholson.

Teatro do grotesco e a “biomecânica” de Meyerhold

 

Trajes paraa peça futurista "Misteria Buff" Foto: Arquivo

 Vsevolod Meyerhold criou um tipo especial de teatro baseado na herança das exibições populares de rua. O teatro do grotesco, como viria a ser chamado mais tarde, pressupunha que a ação tinha de ser visualmente o mais ilustrativa possível, marcante e fisicamente complexa. No seu decorrer surgiam tanto danças e números de circo, como imensas montagens construtivistas que organizavam o espaço cênico. Um dos maiores sucessos sob a sua direção foi o espetáculo futurista “Mystery-Bouffe”, de Maiakóvski.

Meyerhold desenvolveu também um sistema de trabalho com os atores chamado “biomecânica”, que se tornou um dos pontos de apoio da dramaturgia de Brecht. Nele, o elemento-chave era o domínio físico do papel. Os atores tinham, antes de tudo, que dominar os gestos inerentes à personagem – segundo essa metodologia, é através do movimento exato que se alcança a semelhança psicológica do ator com o personagem.

 

Temporadas de Diaguilev

Imagem de Nijinski como o fauno, retratado por Léon Bakst Foto: Arquivo

As temporadas de balé de Diaguilev nos EUA e Europa entre 1910 e 1920 devem o seu sucesso ao gosto e talento do empresário artístico, que conseguiu juntar em uma única companhia várias vedetas do balé, desde Anna Pavlova até Balanchine e Nijinski. Mas, além dos mestres da dança, essas temporadas também presentearam o mundo com uma notável cenografia nova, graças à participação de figuras de destaque da vanguarda russa em suas produções.

Os conceitos inovadores de Diaguilev foram postos em cena por Aleksandr Benois, Natália Gontcharova e Mikhail Lariônov, Naum Gabo e muitos outros artistas plásticos, a quem mais tarde se juntaram colegas ocidentais com pensamento igualmente inovador para a época, como Matisse, Picasso e Coco Chanel.

 

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