Menos brilho para brilhar mais

Foto: Grigoriy Sisoiev / RIA Nóvosti

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Uniformes soviéticos durante a Segunda Guerra Mundial traduziram a realidade da época.

Às vésperas da Segunda Guerra Guerra Mundial, a União Soviética tinha o maior exército da Europa, com quase 2 milhões de soldados. Mas o país não tinha a possibilidade de mudar constantemente o uniforme de milhões de soldados.

Durante o conflito, o soldado soviético recebia uma roupa desenvolvida pelos generais imperiais ainda no início do século 20. Este uniforme não tinha o luxo daquele usado pelo Exército no século 19, mas era conveniente e prático nas condições de combate.

De um modo geral, o uniforme russo durante a Primeira Guerra Mundial e o modelo usado por soldados soviéticos na Segunda Guerra Mundial não eram muito diferentes. Ambos eram compostos pela mesma túnica de algodão, calça e sapatos com polainas, devido à escassez de couro. No inverno, usavam também um sobretudo baseado no modelo de 1935, que, por sua vez, reproduzia o corte de casaco de 1912.

Em vez do chapéu de palha, dispunham do popular bivaque, que substituiu até mesmo o famoso “budenovka”. Quando esfriava, a cabeça era protegida por um chapéu que cobria até a orelha.

Os soldados do Exército Vermelho recebiam um conjunto completo de equipamento: cinto (de couro, mas muitas vezes de lona), bolsa de cartuchos, principal e de emergência, saco para granadas, rações, pás, cantis e equipamento para fuzis. Além disso, o soldado possuía um capacete de aço. Mas a guerra trouxe suas mudanças.


Foto: RIA Nóvosti

O equipamento volumoso, embalado em várias sacolas, sobrecarregava os soldados, que tinham de caminhar entre 30 e 40 km por dia. Em vez de várias bolsas foi então introduzida uma única mochila de tecido impermeável.

O sobretudo que os soldados tinham que usar também não facilitava a mobilidade. Assim, em agosto de 1941, foi introduzido um novo “estilo” de inverno: jaquetas acolchoadas, que podiam ser usadas sob o casaco e eram uma peça independente do uniforme.

Em regiões com invernos rigorosos, as jaquetas foram substituídas por casacos de pele e, em vez de sapatos e botas, foram introduzidas botas de lã.

Vestido para batalha

Junto com milhões de homens no Exército surgiram também milhares de mulheres. O antigo Exército russo nunca tinha visto uma presença maciça de mulheres, portanto, não havia um uniforme especial para elas. Os dirigentes soviéticos tiveram de resolver esse problema muito rapidamente.


Heroína da União Soviética Maria Dolina Foto: RIA Nóvosti

Em agosto de 1941, foi lançado um uniforme especial para as mulheres. Em vez do bivaque, elas tinham que usar um quepe, e a túnica de soldado foi substituída por um vestido, inicialmente de algodão e depois de lã. 

Reforma da cabeça aos pés

As primeiras batalhas mostraram que o uniforme dos oficiais e generais soviéticos os tornavam um alvo fácil para os inimigos. Os emblemas de costura bonita e distintivos na ponta de quepe, introduzidos pouco antes da guerra, chamavam muita atenção.

Foi assim que, em agosto de 1941, abandonou-se o uso de emblemas e as listras brilhantes nas calças, e os emblemas dourados nas lapelas tiveram que ser substituídos por similares de cor cáqui.

O uniforme soviético dos primeiros anos da guerra se distinguia pelas cores, mas foi produzido em grandes quantidades em fábricas que não funcionavam muito bem. Em 1943, decidiu-se então fazer uma grande reforma no guarda-roupa militar.

A principal inovação foi a introdução de insígnias de ombro. Este elemento, que havia sido erradicado do Exército Vermelho, voltou. Havia dois tipos de insígnias dos oficiais do Exército: de combate e do dia-a-dia. Os primeiras eram cáqui, os segundos, eram dourados.

A patente passou a ser determinada não por losangos e quadrados nas lapelas, mas pelo número de estrelas nas divisas. Os oficiais do Exército de alta categoria e os marechais tinham um símbolo especial nas divisas – o emblema dourado da URSS.

A reforma não afetou muito as patentes mais baixas, e os soldados tiveram apenas que trocar as camisas. Na nova versão, em vez da gola aberta apareceu a gola fechada com botões, e quase desapareceram os sapatos com polainas.

O Exército usava então as botas de “quirza”, um tipo de couro artificial com pano de muitas camadas tratado com um líquido especial, que o tornava resistente à água. Em comparação com os sapatos pesados, as botas de couro artificial ​​eram muito confortáveis para o exército.

Os uniformes também foram divididos entre modelos para eventos especiais, para combate e para o dia a dia. Oficiais receberam novamente a jaqueta militar (“Kittel”), roupa que era usada pelo Exército imperial. Voltaram também outros elementos do uniforme antigo do Exército, como punhos com costura de ouro e prata.

O uniforme do soldado para cerimônias oficiais tinha linhas vermelhas na gola, nos punhos e nos bolsos. Os soldados soviéticos vestiram esse uniforme de cerimônias oficiais pela primeira vez no dia 24 de junho de 1945, durante o desfile da vitória em Moscou.

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