“Colete à prova de balas” da Idade do Bronze é encontrado na Sibéria

Armadura única feita de osso é encontrada na Sibéria pela primeira vez Foto: wikipedia.org

Armadura única feita de osso é encontrada na Sibéria pela primeira vez Foto: wikipedia.org

Trata-se da primeira descoberta semelhante na Sibéria: um colete único feito de osso, com cerca de 4.000 anos.

Um colete único feito de osso, com cerca de 4.000 anos, foi encontrado nos arredores da cidade de Omsk. Trata-se da primeira descoberta semelhante na Sibéria, notada pelo conhecido The Archaeological Institute of America: sua página do Facebook reuniu cerca de cem comentários sobre o assunto, que teve mais de 2.000 compartilhamentos e 12 mil “curtidas”.

A notícia sobre o antigo “colete à prova de balas” também esteve no topo das notícias da revista “The Siberian Times”.

O fato surpreendeu mais o próprio autor da descoberta: Boris Konikov, conhecido arqueólogo de Omsk, autor de várias monografias sobre a arqueologia da Sibéria Ocidental. Segundo ele, restauradores e cientistas estão agora estudando essa armadura única feita de placas de osso:

“A descoberta data de cerca do segundo milênio a.C. Nós a enviamos para análise em Dublin, para que seja datada pelo método do carbono. Aí será estabelecida uma idade mais precisa. Mas se se contar a partir dos nossos dias, tem cerca de 4.000 anos. Trata-se da Idade do Bronze. Pela primeira vez foi encontrada uma armadura tão grande feita de chifres.

Konikov declarou à Voz da Rússia que armadura semelhante provavelmente era utilizada para a defesa das pessoas da chamada cultura arqueológica Petrovo: tribos parentes, cujos vestígios foram encontrados na aldeia Petrovo, no Cazaquistão. Os petroves não eram habitantes originários da terra de Omsk, mas “forasteiros”. Eram criadores de gado, artesãos talentosos e guerreiros destemidos. Não tinham organização estatal e, por isso, estavam muito atrasados em relação às civilizações conhecidas: egípcia, sumera ou chinesa.

Não obstante, estas tribos tinham uma cultura material altamente desenvolvida, sublinhou o arqueólogo:

“Os petroves tinham carros puxados a cavalo. Na escola, estuda-se que os carros a rodas existiam na Mesopotâmia. Mas os petroves corriam em carroças pelas estepes, nos seus túmulos foram encontrados fragmentos de carros puxados a cavalo. E esta armadura pertence a eles. Eram pessoas sérias do ponto de vista militar. Penso que, neste sentido, eles não ficavam atrás dos chineses e de outros representantes do Oriente.”

Os especialistas divergem quanto à atribuição étnica dos petroves. A maioria considera que se tratavam de povos de língua iraniana, dos quais “cresceram” os iranianos e persas. Há a tese de que podiam ser uma mistura de tribos úgricas: mordovianos, saamis, khantys, mansis, finlandeses e húngaros.

Mas Konikov considera esta versão a menos provável. Ele reconhece que está extremamente feliz como arqueólogo por “ter sido possível encontrar pela primeira vez uma aldeia em Omsk da cultura Petrovo, especificamente esta armadura”.

“Somos herdeiros de uma civilização milenar muito antiga, original e desenvolvida”, sublinha o cientista.

“A nossa história não é só o período que começa com a exploração da Sibéria pelo pioneiro russo Ermak, mas também o que havia aqui antes.”

 

Publicado originalmente pela Voz da Rússia

 

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