Obra do escritor Vladímir Sorókin é apresentada no Brasil

A obra do escritor russo Vladímir Sorókin foi lançada no Brasil este ano pela Editora 34 Foto: Getty Images/Fotobank

A obra do escritor russo Vladímir Sorókin foi lançada no Brasil este ano pela Editora 34 Foto: Getty Images/Fotobank

Tradutoras de língua portuguesa falam sobre a importância da tradução para a popularização de obras entre leitores brasileiros.

Entre os dias 4 e 7 de setembro, foi realizado em Moscou o 3º Congresso Internacional de Tradutores Literários, do qual participaram tradutores e editoras de 55 países, incluindo o Brasil. A literatura russa está cada dia mais popular no país, e recentemente diversas obras contemporâneas foram traduzidas e publicadas por editoras como Cosac Naify, Ateliê e Editora 34, alcançando um relativo sucesso de público.

O Brasil participa do congresso desde sua primeira edição, em 2010. Na época, a delegação brasileira era composta por apenas um tradutor. Este ano, viajaram à capital russa duas conhecidas tradutoras brasileiras: Arlete Cavaliere e Aurora Bernardini.

Arlete Cavaliere, que traduziu a obra do escritor russo Vladímir Sorókin, lançada no Brasil este ano pela Editora 34, afirmou que está planejada a estreia no país até o fim de 2014  do espetáculo “Dostoiévski-Trip”, baseado na peça do autor.  A tradutora é diretora do Centro de Estudos Russos da Universidade de São Paulo e chegou à capital russa logo após o Festival Internacional Literário de Paraty, onde ocorreu a apresentação da peça “Dostoiévski-Trip”. Cavaliere apresentou no congresso uma palestra sobre o seu trabalho de tradução no Brasil, que chamou a atenção no evento justamente por se refirir a Sorókin.

Uma das primeiras traduções da obra do controverso autor russo para o português, “Dostoiévski-Trip” foi bem recebida pelo público brasileiro. Do autor, já havia sido publicado no Brasil pela Editora 34 o conto “Um mês em Dachau” na Nova Antologia do Conto Russo. A tradutora afirmou que contribuiu para o sucesso de vendas a visita do próprio Sorókin ao país. “Vladímir Sorókin esteve no Festival Internacional Literário em Paraty. Lá rapidamente se tornou uma das personalidades mais conhecidas, já que foi o primeiro autor russo a participar do festival, que ocorre há 10 anos.”

Cavaliere ainda disse que o autor russo poderá viajar ao Brasil no ano que vem para participar de uma conferência literária e lançar a obra “Dostoiévski-Trip” em São Paulo. De acordo com a tradutora, o autor está confiante com o sucesso da obra no Brasil.

“É importante traduzirmos toda a matriz literária russa – não somente os clássicos, com os quais o leitor brasileiro ja é em certa medida familiarizado, mas também autores contemporâneos que refletem em suas obras os processos sociais em curso”, afirmou Cavaliere.

Antes de “Dostoiévski-Trip”, Arlete Cavaliere traduziu “Mystery-Bouffe” de Vladímir Maiakóvski, uma peça de Nikolái Gôgol e uma série de outros livros de autores russos.

“A tradução não deve abranger somente um período de tempo”, afirmou a professora de Arlette, Aurora Bernardini, referência na tradução russo-brasileira. “No Brasil, é moda ler autores russos. As obras clássicas se tornaram quase que uma espécie de bíblia para muitos leitores, bem como os autores chamados de “malditos” estão entre os mais populares, tais como Danil Kharms, cuja obra traduzi há alguns anos juntamente com outros dois tradutores”, relatou Bernardini.

Ambas afirmaram que continuarão a traduzir ativamente a literatura russa. Sobretudo Aurora, que apresentou uma palestra no congresso sobre suas observações à poesia contemporânea russa e anunciou sua intenção de traduzir o livro de Rudolf Dugánov sobre a obra de Velímir Khlebnikov “A natureza da criatividade”.

Enquanto no Brasil se observa uma explosão da literatura da Rússia, os russos conhecem muito pouco da literatura brasileira. Além de Paulo Coelho, há traduções pontuais da obra de Jorge Amado, Clarice Lispector e Machado de Assis. Aurora aproveitou a entrevista para recomendar aos tradutores de russo para o português a obra de Moacyr Scliar. Na sua opinião, o intercâmbio de tradutores pode ajudar na transmissão de obras interessantes para uma ampla gama de leitores.

 

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