Os homônimos mais usados na língua russa

Ilustração: Niiaz Karim

Ilustração: Niiaz Karim

Em todas as línguas há vocábulos que se pronunciam de mesma forma tendo significados diferentes. A língua russa não é exceção.

As palavras russas “kossá” e “kliútch” podem servir como exemplos mais típicos de homônimos na língua russa.

Uma das acepções do termo “kossá” é trança, penteado feito de duas, três ou quatro mechas entrelaçadas de cabelo comprido. As tranças são mais usadas por garotas pequenas ou moças, mas também podemos encontrar homens com tranças pequenas. Outro significado de “kossá”é foice em português.

Há ainda outro significado: restinga, uma faixa comprida de areia ou terra num litoral. Uma mini-península é parecida com uma foice.

“Kliútch”(chave) serve para trancar: uma porta, um cofre etc. Como derivação, serve para denominar alguns tipos de ferramentas: chave de porcas, chave de cano, chave de fenda etc.

Palavra-chave, momento-chave, posição-chave, elemento-chave –tudo isso está transmitindo a ideia de algo importante, decisivo. Além disso, “kliútch” significa nascente de água, uma fonte de águas cristalinas e frescas. Mais uma acepção é usada na música, embora em língua portuguesa mude uma letra, se transformando em clave (a de sol, a de fá e a de dó), três símbolos musicais usados nas pautas. Em russo, são denominados com o mesmo termo “kliútch”, acompanhado com os respectivos nomes das notas musicais.

O vocábulo russo “mat” tem três significados totalmente diferentes: xeque-mate de xadrez; colchão esportivo grosso; palavra obscena, sendo esta acepção, hoje em dia, a mais usada.

Palavrões

Na Rússia, está sendo debatida uma lei recentemente aprovada sobre a proibição de uso deste tipo de palavra a partir do dia 1º de julho na televisão, no cinema, na literatura, na mídia, nos concertos e em peças teatrais. Os limites do vocabulário injurioso são pouco definidos: algumas palavras são mais decentes, outras menos.

Durante muito tempo, o conteúdo dos palavrões era objeto de discussões na sociedade; finalmente, os especialistas chegaram a um consenso e concluíram que ao palavrão pertencem vocábulos com quatro raízes básicas que têm a ver com os órgãos genitais masculino e feminino, o ato sexual e a denominação de mulher que o pratica por dinheiro, bem como todos os respetivos termos derivados.

A palavra “klass” também tem três significações: classe escolar –tanto o ano letivo como a sala de aula; certo nível de qualidade de serviços, como por exemplo vagão de trem da primeira (melhor), segunda (média) e terceira (menos confortável) classe; e mais um significado de caráter social: classe operária, classe burguesa, classe média.

O termo “post” antes tinha duas acepções; hoje tem três. A primeira das duas mais tradicionais é posto de sentinela, que se alargou com o tempo até posto de qualquer serviço, ou cargo, geralmente importante: posto de diretor, posto de ministro, posto de grande responsabilidade. Nada tem a ver com a segunda das acepções tradicionais: no sentido religioso, “post” é jejum, quaresma. O respectivo verbo, “postítsia”, significa não consumir alimentos de origem animal. A terceira e a mais recente das acepções surgiu com as redes sociais, nas quais “post” é uma opinião, um apontamento numa página pessoal. Até nasceu um verbo novo: “zapostít” –postar, publicar algo numa rede social.

Mais uma palavra que adquiriu ultimamente o terceiro significado, na qualidade de estrangeirismo, foi “luk”, que em russo corresponde aos vocábulos portugueses cebola e arco (para atirar flechas). Ultimamente, na gíria estudantil, é cada vez mais comum a palavra inglesa “look”, no sentido de visual, aparência, aspecto.

“Val” tem ainda mais significados. Assim se chama um aterro (em Moscou, alguns nomes antigos de ruas em volta do centro histórico nos lembram dos altos aterros que defendiam a cidade das invasões inimigas: Zemlianói val, Koróvi val); uma alta onda na tempestade (um famoso quadro do pintor Aivazovski se intitula “Deviati Val”); eixo cardã (uma peça importante de automóvel e de outros mecanismos que se movimentam); na economia, “val” é uma forma diminutiva do produto conjunto de uma empresa, de um ramo industrial ou de um país.

 

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