Espionando 007 em grande estilo

Exposição dedicada ao espião fictício mais famoso do Reino Unido inaugura em Moscou nesta terça (10). A mostra 'Criando 007: Cinquenta anos do estilo Bond’ ficará aberta ao público no Museu de Arte Multimídia de Moscou até setembro. Meg Simmonds, diretora de arquivo da EON Produções, responsável pelo lançamento da série James Bond na Rússia, falou à Gazeta Russa sobre a mostrou e revelou alguns dos segredos do agente secreto.

  

Foto: Press photo: Danjaq, LLC and United Artsts Corporation; The Barbican Centre; EON Production

Gazeta Russa: James Bond fez 50 anos em 2012 e vocês realizaram uma grande exposição no Barbican, em Londres. O que há de novo nesta exposição em Moscou?

Meg Simmonds: A exposição em Moscou será a maior que já tivemos. Cada vez que uma mostra se muda para um novo local, trabalha-se um tipo diferente de espaço e é preciso reconfigurar tudo. Para a exposição de Moscou, acrescentamos novos detalhes do “Operação Skyfall” (2012), que foi lançado após a exposição no Barbican.

Gazeta Russa: A mostra ocupa cinco andares do Museu de Arte Multimídia. Como o espaço está dividido?

M.S.: Cada ala será temática, mas não de forma cronológica. A exposição começa com a sala de ouro, porque a mostra inteira foi inspirada no aniversário dos 50 anos. Esse interior foi inspirado no conjunto incrível que Ken Adams projetou para “007 - Contra Goldfinger” (1964), filme que foi um marco significativo na trajetória de Bond.

Os primeiros filmes foram bem sucedidos, mas, quando os diretores estavam filmando “Goldfinger”, tiveram que determinar o que as pessoas esperavam de Bond e, assim, apresentar os elementos que as pessoas estavam procurando no agente secreto.

Gazeta Russa: O que mais deve chamar atenção do público na exposição?

M.S.: Cada ala tem a sua especialidade. E o que eu gosto sobre a exposição é que revela muita coisa por trás dos bastidores – a criatividade e a imaginação em todos os departamentos, desde a apresentação dos atores envolvidos até o trabalho de cenógrafos, artistas gráficos, figurinistas etc. Em todas as áreas há talentos incríveis em exposição.

Gazeta Russa: Quais objetos famosos estão sendo exibidos?

MS: Todos os elementos que ajudaram a série a sobreviver por tanto tempo e com tamanho sucesso. Nós temos uma seção sobre o MI6, outra sobre o laboratório de Q, além de maravilhosos figurinos do “Cassino Royale” e locações exóticas, que são também a marca de Bond.

Gazeta Russa: : Qual das peças expostas é a mais cara?

M.S.: A mais cara é o Aston Martin DB5. É como o carro em “Goldfinger”, que foi o primeiro Aston Martin que James Bond dirigiu e que se tornou emblemático para o espião. O que está em exibição foi usado em “007 - contra GoldenEye” (1995), e é possível vê-lo brevemente em “O Amanhã Nunca Morre” (1997). Acabamos usando-o também em “O mundo não é o bastante” (1999) e em “Skyfall”.

Gazeta Russa: : Há também objetos dos primeiros filmes?

M.S.: Temos uma relíquia que sobreviveu do “O Satânico Dr. No” (1962), que é uma garrafa de champanhe. E eu trouxe de volta um dos casacos de Sean Connery, que também está em exposição aqui.

Gazeta Russa: Como o estilo de James Bond foi criado?

M.S.: Muitas pessoas assumem que o estilo se refere apenas aos figurinos. Mas é o estilo de Bond em todos os aspectos. Por exemplo, você pode vê-lo em alguns dos modelos em miniatura. O jardim de gelo, por exemplo – eles existem, mas você nunca vai ver um igual ao que temos no filme de Bond. É muito original, feito por nosso departamento de arte.

Também é possível ver alguns dos elementos justamente concebidos para o barco de Bond. Ele foi baseado em modelos existentes, mas parecia muito comum, então, o departamento de arte colocou seu toque próprio. No final, ele não se parece com qualquer barco que se pode ver, é especial e, ainda assim, conseguia fazer todas as coisas incríveis nas cenas de perseguição.

Gazeta Russa: Os roteiros eram modificados antes das filmagens à medida que o departamento de arte encontrava alguma coisa incrível que poderia ser usada no filme?

M.S.: Com certeza! Em nosso arquivo, temos um monte de projetos e rascunhos, até mesmo para o primeiro filme “Dr. No”. Se você observar o roteiro de filmagem – o último script que usamos – nem sempre coincide com o filme: as coisas mudam a todo momento, e é parte do processo criativo e da colaboração entre todos os departamentos.

Gazeta Russa: Existe chance de um ator russo interpretar o papel de James Bond?

M.S.: Nunca se sabe o que vai acontecer. Mas o sucesso e a longevidade da série se deve ao fato de Bond ser um espião e um personagem britânico, e há algo da personalidade tradicional e estereotipada britânica que funciona bem dentro da história. Acho que o estereótipo é de que os britânicos são reservados e não mostram suas emoções. E esse é o elemento de Bond. Por isso, seria difícil até mesmo para um americano interpretá-lo.

Gazeta Russa: Existem alguns elementos nos filmes relacionados com os típicos espiões soviéticos do KGB?

M.S.: Quando a série começou, estávamos na época da Guerra Fria e os vilões costumavam ser russos – mas nem sempre, é claro. Isso começou a mudar e, em 1977, quando “O espião que me amava” foi lançado, Barbara Bach interpretou uma garota russa que trabalhava com James Bond. Portanto, acredito que progredimos desde os tempos da Guerra Fria.

Hoje em dia, os vilões são pessoas como terroristas cibernéticos, sem nenhum país de procedência em particular. Esse é outro ingrediente que contribuiu para a sua longevidade: os vilões e os enredos progrediram e foram sendo atualizados. Eles não pararam no passado, de modo que as pessoas ainda podem fazer um paralelo com eles. 

A mostra “Criando 007: Cinquenta anos do estilo Bond” está em exposição no Museu de Arte Multimídia de Moscou até 7 de setembro. O ingresso custa 400 rublos (R$ 25). Para mais informações, visite www.mamm-mdf.ru/en/exhibitions/bond/

 

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