Paixão que une futebol e cozinha

"Quando surgiu a oportunidade de fazer parte do projeto em Moscou, eu concordei na hora" Foto: ITAR-TASS

"Quando surgiu a oportunidade de fazer parte do projeto em Moscou, eu concordei na hora" Foto: ITAR-TASS

Além do técnico Fabio Capello, seleção russa terá outro italiano também no comando do cardápio. Nino Graziano, chef encarregado da alimentação da seleção russa no Brasil, garante que suas especialidades vão reduzir tensão pré-jogo.

No início de 2004, o chef italiano Nino Graziano, que já era proprietário do restaurante Il Mulinazzo, na Sicília, foi trabalhar no restaurante Semifreddo, em Moscou. Dois anos atrás, abriu o seu próprio restaurante na capital russa, “La bottega Siciliana”, situado bem ao lado do Teatro Bolshoi.

Com a missão de cuidar da alimentação dos jogadores russos pela frente, o chef falou sobre a dieta da equipe, culinária italiana e russa, e sua relação com o também italiano Fabio Capello, técnico da seleção russa.

Quais são as suas expectativas em relação ao trabalho no Brasil? Está preocupado?

Não, de maneira alguma. Não há qualquer preocupação! Cozinho há 44 anos. Já sei perfeitamente como será organizado o trabalho na cozinha. O chef russo Viatcheslav Multchenko irá me ajudar no processo, bem como alguns assistentes brasileiros. É claro, que para elaborar o cardápio do dia, vamos consultar o médico da seleção, Eduard Bezuglovim. De qualquer modo, a alimentação dos atletas profissionais no período das competições segue um rigor. O menu básico já está pronto. 

Que tipo de dieta será essa?

Definitivamente, diremos não aos alimentos gordurosos. Massas, frango, peixe e arroz com legumes serão bem-vindos. É claro que também a carne, que é de muito boa qualidade no Brasil. Muitas frutas. O humor [da seleção] vai, em grande parte,  depender da qualidade da alimentação, e com ele, também o desempenho do time. Se a comida for boa, os jogadores irão se sentir mais confortáveis e jogar bem.

E qual prato do menu previsto você recomendaria a si mesmo?

Pasta e fagioli. Adoro o sabor [dessa sopa de massa e feijão típica da Itália] desde a infância, graças à minha mãe. É uma delícia! A propósito, esse também é o prato favorito de Fabio Capello. Quanto a isso, os nossos gostos coincidem.

Tem os seus preferidos na culinária russa também?

A [tradicional sopa russa] borsch, é claro! Também gosto de arenque sob o casaco de pele [salada preparada com arenque, batata, beterraba, ovos e maionese] e salada Olivier [prato tradicional geralmente preparado em ocasiões festivas, principalmente no Ano Novo]. Anatóli Komm, que, na minha opinião, é o melhor chef russo, me contou muitas coisas interessantes sobre a culinária local.

Quando começou essa ligação tão estreita com a Rússia?

Há muito tempo, eu e meus sócios tínhamos a ideia de abrir restaurantes de autêntica cozinha italiana, siciliana, nos mais diferentes cantos do mundo – em outros países da Europa, no Japão e, é claro, na Rússia. Quando surgiu a oportunidade de fazer parte do projeto em Moscou, eu concordei na hora. Gosto muito da capital russa, é uma cidade onde me sinto confortável. Além disso, ao longo dos anos, cheguei à conclusão de que os sicilianos e os russos possuem uma mentalidade bastante parecida em muitos aspectos – são emotivos e capazes de cometer loucuras!

Você conhece Fabio Capello há muito tempo?

Nós nos conhecemos há cerca de um ano e meio. Tínhamos amigos em comum ligados a futebol e, quando Fabio mudou-se para a Rússia a trabalho, foram justamente eles que recomendaram o meu restaurante para ele. Capello sabe perfeitamente como eu trabalho. Ele sugeriu que eu ajudasse a seleção da Rússia durante a Copa do Mundo. No Brasil, vamos preparar para os jogadores a nossa especialidade, isto é, massa. Acho que eles ficarão muito contentes. 

Qual sua opinião sobre o futebol russo?

Posso dizer que, durante os 10 anos que moro em Moscou, o futebol russo deu um passo significativo para frente. Houve muita concorrência no campeonato, quatro ou cinco clubes têm condições reais de reivindicar as medalhas de ouro. Isso é interessante para os torcedores. Em minha opinião, o nível do futebol em si se tornou mais elevado. Há muitos jogadores talentosos entre estrangeiros e russos

Há algo em comum entre futebol e cozinha?

A paixão! Sem ela, em ambos os casos, é incrivelmente difícil de alcançar sucesso e reconhecimento.

 

Publicado originalmente pelo RBC Daily

 

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