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Ilustração: Natália Mikhailenko
Quando se fala em abstracionismo, um dos primeiros nomes que vêm à cabeça é o do fundador do movimento, Wassily Kandinsky, cujas telas são marcadas por cores fortes e figuras geométricas.
Porém, antes de mergulhar nas artes, Kandinsky era um próspero advogado que recebia convites para dar palestras nas principais universidades russas.
Duas obras-primas impulsionaram o então advogado de 30 anos a buscar novos ares: Kandinsky ficou extremamente emocionado com o quadro “Monte de feno», de Monet, durante uma exposição de impressionistas. Depois, assistiu à opera “Lohengrin”, Wagner, que na época era encenada no Teatro Bolshoi. Pouco tempo depois, largou os estudos e se mudou para Munique para estudar arte.
É difícil falar sobre a habilidade que desenvolveu com o tempo. O caos de cores hipnotizantes provoca muitas associações e sentimentos, e é como se os quadros de Kandinsky tivessem um efeito semelhante ao da música. No entanto, não ficou conhecido por suas telas, mas por dar origem ao movimento abstracionista e ser um dos seus principais teóricos.
O problema é que ninguém comprava pinturas de Kandinsky, e grande parte dos críticos diziam que era apenas rabisco sem sentido. Sem dinheiro, deixou a Alemanha rumo à Rússia novamente. Já de volta, trabalhou como professor no Comissariado de Educação, mas os bolcheviques logo classificaram o abstracionismo como decadente, e Kandinsky passou a ser visto como um “capanga da burguesia”.
Depois que todos os seus quadros foram retirados dos museus soviéticos, ele se deu conta de que não havia mais espaço na Rússia e decidiu retornar à Alemanha. Deparou-se novamente com política, pois a escola onde lecionava foi fechada por pressão dos nazistas. Quando Hitler chegou ao poder, as pinturas de Kandinsky foram consideradas “arte degenerados”, e alguns quadros foram até destruídos.
O artista, enfim, resolveu deixar o país de vez e seguiu para a França, onde viveu até o fim da vida. Sua situação não melhorou, e o tamanho dos seu quadros produzidos na época são um exemplo de que ele sequer tinha dinheiro para investir em telas maiores. Não era uma questão de conceito, mas de alternativa. Alternativa, por sinal, que Kandinsky sempre buscou. Seu quadros sempre deram liberdade para imaginação, e isso não agradava a nenhuma ditadura – seja do proletariado ou nazista.
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