O estilo russo está de volta

Estrelas de projeção mundial demonstram grande interesse em se vestir “à la russe”; Julia Roberts é o exemplo mais recente Foto: AP

Estrelas de projeção mundial demonstram grande interesse em se vestir “à la russe”; Julia Roberts é o exemplo mais recente Foto: AP

É estranho, mas o fato é que nos últimos anos as estrelas de projeção mundial demonstram grande interesse em relação ao estilo “à la russe”.

É estranho, mas o fato é que nos últimos anos as estrelas de projeção mundial demonstram grande interesse em relação ao estilo “à la russe”.

 “À la russe” significa silhuetas femininas com saias rodadas (frequentemente no comprimento maxi) e com cintura bem demarcada, chapéus “kubanka” (como o que usa a personagem Lara no filme "Dr. Jivago"), lenços de cabeça, estampas florais, rendas e bordados. O uso da arte folclórica russa completa o visual: xales do distrito de Pávlovski Possad (grandes, mais frequentemente feitos de lã, com uma estampa floral de cores vivas e uma franja) e pintura de khokhlomá (um tipo de pintura que representa elementos vegetais utilizando um esquema de cores que consiste estritamente do preto, do vermelho e do ouro).

Lady Gaga “à la russe”

Foto: Getty Images / Fotobank

No ano passado, Lady Gaga surpreendeu a todos ao aparecer em público com trajes da coleção da designer russa Uliana Sergueenko, que já se tornou um guru do estilo russo para o mundo ocidental.

A imagem da cantora suscitou muita celeuma, críticas e alfinetadas do tipo "a excêntrica Lady foi atraída para o exotismo".

Recentemente, a própria Uliana Sergueenko, criadora e detentora dos direitos da grife homônima, tornou-se uma participante permanente das semanas de moda em Nova York, Paris, Milão e Moscou, bem como de outros importantes eventos sociais. É possível que exatamente graças a essa memorável jovem que usa longas saias rodadas, lenços e salto agulha (stiletto), se constituiu no mundo um estilo russo tangível e aplicável à vida real.

Ondas de interesse

Historicamente, no Ocidente, o interesse pela cultura e trajes russos vai e vem em ondas, mas nunca desaparece por muito tempo. Cada nova onda de entusiasmo pela Rússia sempre foi provocada por mudanças no país que ocorreram em determinadas épocas, sejam elas a sucessão no trono, a guerra, a revolução ou a Perestroika.

No século 18, as mentes dos europeus eram excitadas pelo czar Pedro 1º, que procedeu a muitas reformas, em seguida, pelos regimentos de cossacos e de hussardos do Exército russo, após a tomada de Paris em 1814, e mais tarde, no final do século 19 e início do século 20, pelos “bailes russos” à fantasia, promovidos pela aristocracia russa, dos quais participava até a família real.

Foto: Photoshot / Vostock-Photo

Na Europa do século 20, o interesse em relação à temática russa ressurgiu com uma nova força em 1909, logo após a primeira temporada do Balé de Diáguilev (empresário artístico russo, fundador da companhia de bailado “Balé Russo”) na França.

“Boris Godunov”, “A Sagração da Primavera”, “O Pássaro de Fogo” e outros espetáculos com temática russa tiveram seus cenários elaborados pelos melhores pintores da associação artística de vanguarda “Mundo da Arte”, l. Bakst, I. Bilíbin, A. Benois e N. Roerich, fazendo um imenso sucesso.

Dois anos mais tarde (em 1911), o famoso estilista francês Paul Poiret, após uma viagem à Rússia, introduziu em Paris a moda do bordado ucraniano e das botas de cossaco. E depois da revolução, com o afluxo de imigrantes provenientes do antigo Império Russo, teve início uma onda de entusiasmo em relação a tudo o que era russo, na França, Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido e em outros países.

Na imagem da mulher europeia que segue a moda, a "gola de boiardo", um ornamento eslavo, o “kokochnik do norte” (adorno de cabeça), o xale com franjas e muitos outros elementos inerentes ao estilo original russo ficaram firmemente enraizados.

Foto: Photoshot / Vostock-Photo

Na segunda metade do século 20, Yves Saint Laurent fez reviver o interesse em relação ao traje russo. Ele criou a “Russian Collection”, que incluía chapéus de pele, botas, saias em várias camadas e blusas bordadas, luxuosas e inusitadas.

Entretanto, o verdadeiro boom de interesse pelo estilo russo começou em meados dos anos 2000, quando, uma após a outra, começaram a ser lançadas as coleções de Roberto Cavalli, a "Paris-Moscou", de Lagerfeld para a Chanel, a "Linha russa", de Antônio Marras para a Kenzo e as coleções de John Galliano, Valentino e Dolce & Gabbana, todas elas no estilo "à la russe".

A profusão de ornamentos com padrões que trazem elementos vegetais e os variados “xales da vovó”, os bordados feitos à mão e as rendas, as golas de peles e os chapéus “kubanka”, as saias rodadas com cinturas bem demarcadas e as golinhas imaculadas, os colares e brincos enormes e sofisticados, tudo isso atualmente se tornou uma marca registrada do estilo russo.

O estilo “à la russe” é extremamente feminino e atraente em sua elegância luxuosa. Isso se torna especialmente perceptível tendo como pano de fundo o minimalismo e a androginia, que nos últimos anos reinam no mundo da moda. Mas, em qualquer época, uma mulher sempre quer ser feminina. Isso significa que também as russas sempre estarão na moda.

 

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