Fílin deve regressar ao Bolshoi com a nova temporada de setembro

Fílin passou por 22 cirurgias no olho e transplantes de tecidos em uma clínica em Aachen, na Alemanha, desde que sofreu queimaduras graves nos olhos e no rosto em um ataque com ácido sulfúrico na manhã do dia 17 de janeiro Foto: RIA Nóvosti

Fílin passou por 22 cirurgias no olho e transplantes de tecidos em uma clínica em Aachen, na Alemanha, desde que sofreu queimaduras graves nos olhos e no rosto em um ataque com ácido sulfúrico na manhã do dia 17 de janeiro Foto: RIA Nóvosti

Vítima de queimaduras no rosto, ex-diretor artístico do teatro passou os últimos oito meses em tratamento na Alemanha. Representantes do Bolshoi têm esperança de que nova temporada possa afastar a imagem negativa dos últimos escândalos envolvendo a companhia.

O diretor artístico Serguêi Fílin está pronto para retornar ao Teatro Bolshoi neste mês, enquanto a companhia gradualmente se recupera de um ano de escândalos sem precedentes.

Fílin passou por 22 cirurgias no olho e transplantes de tecidos em uma clínica em Aachen, na Alemanha, desde que sofreu queimaduras graves nos olhos e no rosto em um ataque com ácido sulfúrico na manhã do dia 17 de janeiro.

Além de violência em si, o atentado revelou a existência de disputas internas no Bolshoi e levou a acusações criminais, greves, abaixo-assinados de protesto e, eventualmente, o afastamento do diretor-geral, em uma tentativa de o Ministério da Cultura resguardar a imagem do carro-chefe da companhia de balé da Rússia.

O bailarino Pável Dmitritchenko, que interpretou vilões como Ivan, o Terrível, supostamente confessou a contratação de dois pistoleiros para atacar Fílin, e os três homens atualmente enfrentam longas sentenças.

No entanto, 300 dançarinos e funcionários, liderados pelo famoso bailarino Nikolai Tsiskaridze, assinaram uma petição alegando que Dmitritchenko foi forçado pela polícia a assumir a culpa.

Citando a ausência de Filin como justificativa, o coreógrafo britânico Wayne McGregor adiou a produção de “A Sagração da Primavera”, que estava programada para estrear em março deste ano, deixando à sua substituta, a coreógrafa avant-garde Tatiana Bagánova, apenas um mês para reencenar uma nova produção.

Em junho passado, Tsiskaridze foi demitido após relatos de uma luta de poder com o diretor-geral Anatóli Iksanov. Poucas semanas, mais um escândalo veio à tona, quando o ministério resolveu afastar Iksanov após 13 anos no cargo.

“Uma difícil situação vinha se desenvolvendo. Força humana e capacidade, mesmo dos profissionais mais competentes, têm seus limites”, disse o ministro da Cultura, Vladímir Medínski, na coletiva de imprensa para anunciar a nomeação do novo diretor Vladímir Úrin, administrador amplamente respeitado e conhecido por ter mão firme.  “Eu não planejo nenhum revolução e somente juntos poderemos resolver os problemas”, declarou Úrin na ocasião.

Nova temporada

“Os escândalos do ano passado prejudicaram muito a imagem da companhia, porque é difícil compreender como tal crueldade pode acontecer no mundo mágico da dança”, disse à Gazeta Russa a porta-voz do Bolshoi, Katerina Novikova. “Mas os bailarinos se uniram para apoiar uns aos outros diante de algumas informações publicadas na imprensa e estão mais unidos do que nunca”, disse ela.

“Em termos de qualidade artística, continuamos a ser uma das melhores companhias clássicas do mundo”, acrescentou Novikova. “Todo mundo pôde conferir isso na Austrália no início deste ano, e novamente na recente temporada no Royal Opera House, em Londres, que teve os ingressos esgotados.”

Aliás, Fílin fez uma aparição surpresa no palco durante os aplausos na noite de abertura em Londres, depois de Urin visitá-lo em Aachen para avaliar o progresso do tratamento.

Úrin já adiantou-se em dizer que Filin será recebido de volta na companhia, mas pediu cautela. “Ele está psicologicamente pronto para voltar ao trabalho e eu gostaria de tê-lo de volta, mas o tratamento médico continua”, acrescentou Úrin.

Otimista, Fílin disse ao canal russo Rossia 1 que sua aparição em Londres foi “um enorme impulso”. “Os médicos estão fazendo tudo o que podem”, continuou Fílin.

“Ainda não enxergo nada com meu olho direito e apenas 10% com o esquerdo.

Se o meu olho esquerdo continuar se recuperando no mesmo ritmo, é bem possível que eu possa voltar a trabalhar e participar da estreia da nova temporada em Moscou em meados de setembro”, completou o bailarino.

A próxima temporada do Teatro Bolshoi vai contar com a estreia de três novos espetáculos de balé: “Marco Spada”, de Pierre Lacotte; “Dama das Camélias”, de John Neumeier, e “The Taming of the Shrew”, de Jean-Christophe Maillot.

As turnês internacionais para 2013 e 2014 incluem performances em Cingapura, França, Noruega, Estados Unidos e Japão.

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