“Falta interatividade aos museus antigos”, diz diretora do Museu Pushkin

Loshak pretende aproximar o Museu Pushkin dos padrões ocidentais modernos Foto: Kommersant

Loshak pretende aproximar o Museu Pushkin dos padrões ocidentais modernos Foto: Kommersant

Nova diretora do museu moscovita defende a universalização da arte, inclusive por meios eletrônicos.

Marina Lochak, a nova diretora do Museu Pushkin, e Irina Antonova, que dirigiu o espaço por mais de meio século, são pessoas de formações, gerações e pontos de vista diferentes. Lochak guarda convicções liberais e tem uma grande experiência no campo da divulgação artística, o que revelou logo de cara.

“Ainda antes de tomar posse, a primeira coisa que fiz foi colocar uma pergunta no Facebook: O que é que vale a pena mudar? A população reagiu o melhor possível, com propostas concretas e análise da situação. Na minha opinião, é essa interatividade que falta ao museu Púchkin, como a todos os museus antigos”, disse Lochak à Gazeta Russa. “Para tornar nosso museu mais moderno e atualizado, são necessárias medidas simples e concretas, como entender que o museu é para todos, não só para os que beneficiaram de uma educação em artes.”

Lochak é especialista em Arte Contemporânea e vanguardismo russo, o que aparentemente não condiz com o cargo de diretora de um museu acadêmico que abriga uma coleção ímpar de pinturas do Renascimento e do século 19.

“Nos museus de arte moderna há algo de laboratório, mas o nosso é diferente. Estamos falando sobre uma arte que ganhou um valor museológico indiscutível, sobre artistas que já entraram para a história”, disse a diretora, que cultiva certa predileção por curadores de arte que congregam reflexões fundindo história e arte. “Gosto especialmente de um deles, Jean Hubert Martin, admirável curador que promove uma interação entre arte antiga e moderna”, acrescentou.

Apesar de sua versatilidade, energia e visão moderna, Lochak não pensa em mudanças radicais. “Sem dúvida, a minha experiência profissional tem mais a ver com museus de formas de instalação mais abertas e mutáveis. Agora me deparei com uma realidade muito peculiar”, disse. Em breve, será iniciada a construção de uma ampla ala para o museu, “do qual dependerá a concepção do museu no futuro”.

Antes disso, Lochak quer aprimorar a conservação e criação de catálogos eletrônicos, bem como desenvolver uma versão virtual do museu.

Acesso à arte 

Um pouco antes de Lochak ser indicada ao posto de diretora, uma discussão entre os museus Hermitage e Pushkin atraiu a atenção pública. O motivo era a recuperação do Museu da Nova Arte Ocidental (MNAO), cuja coleção foi repartida entre os dois museus. Na altura, Antónova sugeriu que as obras fossem reunidas, mas a proposta foi recusada.

O presidente Vladímir Pútin e o ministro da Cultura, Medínski, anunciaram oficialmente que o MNAO não será recuperado, e os dois museus permanecerão como estão.  

“Sonho com que haja um museu desses, pois estou certa de que transformaria Moscou em um polo de apreciadores do modernismo ocidental. No entanto, estamos perante uma questão que deve ser resolvida por aqueles que são responsáveis pela estratégia estatal do desenvolvimento cultural do país”, disse Lochak.

Quanto à comunidade museológica, cabe-lhe assumir apenas os papéis como especialistas, garante a diretora do Museu Pushkin. “O mesmo pode-se dizer sobre a restituição de valores museológicos. É de conhecimento de todos que, no Museu Púchkin, há muitas peças de arte que são troféus de guerra. Este é um problema estatal e não museológico. Acho que a abertura máxima facilitaria a resolução desta questão: quanto mais exposições melhor, não esconder nada, mostrar tudo, descrever, deixar qualquer cidadão ver esses quadros”, finaliza.

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