Um par de obras de Aivazovskii, em caso de crise

Fishermen on a Moonlit Coast by Ivan Aivazovsky, the master of dramatic ocean light, for auction during Russian Art Week at Christie’s. Source: PressPhoto

Fishermen on a Moonlit Coast by Ivan Aivazovsky, the master of dramatic ocean light, for auction during Russian Art Week at Christie’s. Source: PressPhoto

Em junho deste ano, o quadro “Natureza morta com frutas" de Ilya Mashkov foi vendido por $7,08 milhões, em um leilão na Christie, superando "O cocheiro" de Kustodiev, vendido no mesmo local por $7,06 milhões, em novembro de 2012. Os preços da arte russa continuam a crescer.

A partir dos anos 1980, os leilões de arte russa são realizados pelas maiores casas de leilões: Christie e Sotheby. Inicialmente os artigos eram provenientes das coleções dos imigrantes, os pregões não aconteciam regularmente e a os valores da receita eram baixos. Nos anos 1990, os "novos russos" compravam tudo o que aparecia, sem prestar atenção ao valor artístico. Pouco a pouco, os consumidores tornaram-se mais informados e mais exigentes em relação à procedência (a história confirmada do trabalho) e do valor da arte como tal.

O quadro mais caro de toda a história dos pregões russos é a obra de Nicholai Roerich "Anais da mãe de Deus" (1931), vendido pela Bonhams, em junho deste ano, por $12 milhões. Nessa obra, parte de um tríptico, o artista procurou “criar uma imagem global da mulher como mãe, e salvadora de toda a humanidade", - informa o Centro Roerich.

Nicolai Feshin passou para o segundo lugar, com $10,85 milhões pelo "Pequeno cowboy, vendido em dezembro de 2010, pela MacDougall. A partir dessa venda, os preços das obras do artista dispararam.

Em terceiro lugar está Ilya Repin, com o "Le Cafe de Paris», vendido em junho de 2012 pela Christie, por $7,42 milhões.

Em quarto lugar está o "Arco-íris" de Konstantin Somov, comprado em junho de 2007, por $7,33 milhões, também na Christie.

Além dos incontestáveis favoritos dos primeiros anos de negociação,  Aivazovskii e Faberge, o mercado conheceu novos nomes. Começaram a aparecer os trabalhos dos anos 1920 e 1930 e arte “Underground (fora dos padrões comerciais e culturais da época) dos anos 1970. Mas nos anos 1990, o mercado do modernismo russo e da avant-garde, inesperadamente desabou. De acordo com o colecionador e especialista Valery Dudakov, devido a uma onda de imitações das obras dos mestres de primeira grandeza.

Uma das histórias mais escandalosas com imitações dos últimos anos aconteceu com o quadro “Nu no Interior" (1919) de Boris Kustodiev, vendido para o banqueiro Mikhail Vekselberg, em  2005, pela casa de leilões Christie, por $2,9 milhões que entrou na série de volumes do catálogo de imitações, publicado pelo Ministério da Cultura da Federação Russa. Após processo judicial que durou 5 anos, o tribunal britânico reconheceu que o trabalho "provavelmente não pertencia a Kustodiev”.

O recordista em número de falsificações é Ivan Aivazovskii que, de acordo com a sua própria estimativa, pintou menos de 5 mil obras, enquanto que no mercado foi comercializado um número dez vezes maior. O preço mais alto cobrado por uma obra do grande pintor, conhecido pelas suas paisagens marítimas, foi de $5,2 milhões, pelo quadro "Vista de Constantinopla e do Bósforo", obtido em Sotheby, em 2012, sendo que o preço médio por um quadro seu é de aproximadamente $1milhão.

As numerosas falsificações das obras de Natalia Goncharova  e a obra  atribuída a Mikhail Larionov, que foi retirada dos pregões, levou o proprietário do Banco Alfa, Piotr Aven, a anunciar a criação da Fundação de Arte “Natalia Goncharova e Mikhail Larionov”, destinada a proteger o patrimônio dos cônjuges avant-garde das falsificações. O objetivo do fundo é editar um Catálogo Raizonné dos artistas, após a realização de uma perícia nas obras famosas.

Mas os escândalos com as falsificações apenas aquecem o interesse em relação à arte russa. Desde o início dos anos 2000, a Sotheby realiza os leilões de artigos de arte russa não só em Londres, mas também em Nova York, atendendo a demanda de antiguidades russas.

Em 1993, um investidor trouxe como garantia para o Incombank, uma das cópias do "Quadrado preto”, feitas pelo próprio autor, Kazimir Malevich. Quando o banco faliu, em 1998, a obra de arte tornou-se o principal ativo durante os acertos com os credores.

Os maiores leilões são as semanas de arte russa, realizadas em Londres duas vezes por ano, em maio e em novembro. As quatro maiores casas de leilão Christie, Sotheby, Bonhams e  MacDouglall oferecem uma vasta seleção de obras, desde pinturas com qualidade de obras de Museu até gravuras acessíveis e uma variedade de obras decorativas de arte aplicada.

Os preços recordes no leilão deste ano e o ranking das obras mais caras, vendidas nos leilões ao longo dos últimos anos, apontam para a solidez das posições da arte russa do mercado, apesar dos efeitos da crise, e para o seu enorme potencial.

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