Após quase um século, assassinato do último imperador russo ainda é envolto em mistério

Assassinato do czar Nicolai 2º, o último imperador russo, e de sua família, uma questão ainda é envolta em mistério Foto: wikipedia / Crimea

Assassinato do czar Nicolai 2º, o último imperador russo, e de sua família, uma questão ainda é envolta em mistério Foto: wikipedia / Crimea

De acordo com uma das versões, oito homens integraram pelotão de fuzilamento de Nicolai 2º e de sua família. Outra dá conta de 11.

Até hoje, após 95 anos do assassinato do czar Nicolai 2º, o último imperador russo, e de sua família, uma questão ainda é envolta em mistério: o número de homens que integraram o pelotão de fuzilamento.

De acordo com uma das versões, eram oito. Outra dá conta de 11, número total de vítimas, incluindo o imperador e sua família.

Os principais são Iákov Iurovski e Mikhail Kúdrin. Ambos, mais tarde, escreveram livros de memórias, onde descrevem detalhadamente a noite do fuzilamento, se dizendo orgulhosos de seu papel na história. Até o fim da vida, os dois ocuparam cargos altos e foram membros respeitados da sociedade soviética.

Em 1918, Iuróvski (1878-1938), que liderou o pelotão de fuzilamento, era o administrador da Casa dos Ipátiev, em Sverdlovsk, onde a família real ficou detida. Ele afirma ter matado pessoalmente o czar. A participação do judeu Iurovski no assassinato deu, mais tarde, motivo para os nacionalistas afirmarem que "o nosso czar foi assassinado por ‘estrangeiros’”. 

Na verdade, havia somente dois "estrangeiros": o próprio Iurovski e Tselms, um atirador lituano, cujo envolvimento no assassinato não foi provado.

Joalheiro de profissão, na noite do fuzilamento, Iuróvski tinha a função de encontrar os diamantes reais. E realmente os encontrou: depois de examinar os cadáveres, verificou-se que nas roupas das princesas havia joias pregadas, com um peso total acima de 8 kg. Iuróvski, posteriormente, entregou todos os valores para o comandante do Kremlin de Moscou.

Seu histórico inclui a presidência de uma Gubtcheka dos Urais [Comissão de Combate à Contrarrevolução e Sabotagem], a chefia do departamento de metais preciosos no Gokhran [Depósito Estatal de Metais Preciosos e Gemas] e a diretoria do Museu Politécnico de Moscou. Ele ocupou todos esses cargos muito altos e estrategicamente importantes nos primeiros anos do regime soviético.

Iuróvski morreu no hospital do Kremlin, a quem tinha acesso somente pessoas especificamente reconhecidas pelas autoridades estatais. O diagnóstico mostrou uma perfuração da úlcera do duodeno.

Kudrin (1891-1964) também ocupou cargos importantes após a revolução. Foi  assistente do chefe da Primeira Divisão do Departamento Plenipotenciário Especial do NKVD [Ministério do Interior] da URSS. Na década de 1930, visitava universidades de províncias para relatar a história do assassinato.

No final de 1950, recebeu uma pensão individual de 4.500 rublos.

Antes de sua morte, deixou um livro de memórias sobre o assassinato da família real, endereçado ao então líder soviético Nikita Khruschiov (“Turbilhões Hostis”, manuscrito não publicado). Em suas memórias, ele desafia o papel de líder de Iuróvski e atribui o mérito principal do extermínio da família real a si mesmo.

Foi enterrado com honras militares no Cemitério Novodevitchie, a mais prestigiada necrópole do país. A pistola Browning usada para matar Nikolai 2º foi deixada em de herança para o próprio Khruschiov.

No início dos anos 1980, o chefe da KGB, Iúri Andropov, gostava de ouvir à noite as confissões dos assassinos do czar. Segundo rumores, estas gravações ainda são mantidas nos arquivos da segurança do Estado.

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