Conheça a história do acordeon, instrumento popular na Rússia

Foto: ITAR-TASS

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O acordeon acompanhava qualquer festa na Rússia antiga: usavam-no para demonstrar sofrimento, para pedir em casamento e para demonstrar coragem entre jovens. De Saratov, de Pskov, de Oriol: existem diferentes acordeons, dependendo da região de origem.

Embora considerado como de origem russa, o acordeon foi, de fato, criado por Frantishek Kirshnek, um eslavo (checo) vindo da Polônia.

"Frantishek Kirshnek veio a São Petersburgo a convite da imperatriz Ekaterina Segunda para consertar órgãos”, conta Natália Mirek, chefe do departamento do Museu do Acordeon Russo A. Mirek, da união de museus Museus de Moscou.

“Kirshnek tinha uma pequena bancada de trabalho para ajustar órgãos, na qual ele usou pela primeira vez, em 1783, linguetas que saltavam livremente, as mesmas que hoje emitem sons no acordeon."

A condição popular do instrumento não foi adquirida de imediato.

"Acreditamos que o início da produção do acordeon popular ocorreu em Tula”, continua Mirek. “Como base, foi usada uma harmônica austríaca ou alemã, que o armeiro Sizov trouxe de uma feira em Níjni Novgorod." 

Certa vez, Ivan Evstratievich Sizov foi à feira para comprar cavalos. Ao escutar um cigano tocar um instrumento raro na época, o armeiro não resistiu e trouxe para casa uma harmônica em vez dos cavalos.

"A propósito, as primeiras harmônicas de Tula foram feitas por armeiros”, conta  Mirek, “pois o essencial na fabricação do instrumento é a chapa, que deve ser fundida, furada, com ‘os sons’ rebitados. Para isso, era necessária a capacidade de um ferreiro. Enquanto a fabricação não passou para as guildas, a produção era feita por mestres individuais, levando meses".

A harmônica de Tula se tornou a progenitora de outras harmônicas menos conhecidas como, por exemplo, a de Saratov, na qual, do lado esquerdo, existem dois sininhos pendurados, que são batidos por martelinhos durante a apresentação.

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Na Rússia, cada região aperfeiçoou um modelo próprio de acordeão.

A terra de Oriol, por exemplo, ficou famosa pela livionka, que foi usada para expressar saudades e para os homens pedirem as mulheres em casamento.

"Se o noivo recebia o consentimento, na volta para casa tocava a livionka e executava com ela ‘movimentos acrobáticos’, possíveis somente pelo número de dobras (até quarenta) no fole, que se estende muito", explica Mirek.

Se o noivo recebia um não, quebrava a sua livionka, de coração partido. É claro que para a próxima pretendente ele faria o pedido munido de um instrumento novo.

Em Vologda, o acordeon era decorado com capinhas metálicas estreitas especiais em forma da renda local.

No interior de Pskov, o acordeão tinha espelhos, e o músico, ao tocar, em frente da casa da amada, lançava reflexos de sol por sua janela. Mashas e Dunias, com certeza, ficavam fascinadas, pois o acordeonista era como um dj na cidade, alguém invejável.

 

Publicado originalmente pela RIA Nóvosti

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