Por que é impossível invadir o Kremlin?

Vista aérea do Museu Histórico do Estado da Rússia, da Praça Vermelha e do Kremlin de Moscou

Vista aérea do Museu Histórico do Estado da Rússia, da Praça Vermelha e do Kremlin de Moscou

Aleksandr Vilf/RIA Nôvosti
Uma foto que mostra manifestantes feministas empunhando bandeira no Kremlin de Moscou tornou-se viral no último Dia Internacional das Mulheres – mas não passava de farsa. Surpresa? Não para os oficiais que atuam na segurança da residência oficial do presidente russo e formam um poderoso esquema de blindagem.

Uma bandeira aparentemente pendurada na Torre do Arsenal do Kremlin de Moscou diz “Feminismo como ideia nacional”, e duas jovens empunham a faixa enquanto carregam chamas em suas mãos.

Esta poderosa foto viralizou nas redes sociais na Rússia no último dia 8 de março, como símbolo mais forte do protesto feminista contra a “dominação masculina”. Afinal, ninguém jamais tinha sido capaz da audácia de invadir o Kremlin. Pena, porém, não ser verdade.

A foto, feita usando recursos de Photoshop, foi publicada por ‘colegas irresponsáveis’ das ativistas que haviam protestado no Kremlin e no Jardim de Aleksandr e que mais tarde admitiram se tratar de imagens falsas. O episódio, entretanto, não só afetou a credibilidade do protesto, mas provou ser impossível entrar ilegalmente no Kremlin.

Câmeras, sensores e cercas

Um das primeiras pessoas a duvidar da autenticidade da fotografia foi o famoso fotógrafo e blogueiro russo Iliá Varlamov. “É difícil para mim acreditar que alguém poderia ter feito algo assim, considerando o nível de proteção no Kremlin”, escreveu Varlamov, lembrando-se de seus próprios passeios dentro da fortaleza.

“Há sensores e câmeras por toda parte”, destacou Varlamov, ao lado de fotografias postadas por ele em que mostra a presença de inúmeras câmeras nas muralhas do Kremlin. Além disso, as passarelas sobre os muros são bloqueadas por grades e cercas. “É impossível caminhar na parede, e muito menos escalar a torre.”

Todos os homens do presidente

Ainda segundo Varlamov, “a cada passo no Kremlin, nos deparamos com agentes do Serviço Federal de Proteção [ou FSO, responsável pela proteção dos dirigentes russos, incluindo do presidente] que imediatamente enfrentarão qualquer intruso”.

No âmbito do FSO, atua, por exemplo, a guarda do Kremlin, também conhecida como Regimento do Presidente. Este corpo, com quase 500 pessoas, é composto por cinco batalhões, entre os quais dois são diretamente responsáveis ​​pela guarda da fortaleza, e unidades de guarda de honra, que exercem cargos particularmente importantes – na vigilância da Chama Eterna e do Mausoléu de Lênin – e participam de desfiles.

De acordo com uma fonte não identificada da revista  “The Village”, no caso de ataque ao Kremlin, ou se houver algum grande perigo para as pessoas que trabalham ali, o FSO pode recorrer a forças especiais locais, bem como a unidades militares com tanques e veículos armados posicionadas nos arredores da capital.

Treinamento pesado

O FSO não se limita, porém, ao regimento do Kremlin, e inclui também agentes diretamente responsáveis ​​pela segurança de altos funcionários russos, bem como de líderes estrangeiros em visita oficial à fortaleza.

Os agentes do serviço federal passam por um treinamento especial e, segundo o filme “Como as Guardas Trabalham”, isso inclui desde combate corpo-a-corpo à prática de disparo e neutralização de um alvo hostil em meio a multidões.

Segurança reforçada no desfile dos 70 anos do Dia da Vitória (Foto: / Maksim Blinov/RIA Nôvosti)Segurança reforçada no desfile dos 70 anos do Dia da Vitória (Foto: / Maksim Blinov/RIA Nôvosti)

Além disso, os agentes estudam minuciosamente as circunstâncias em que líderes mundiais podem ser assassinados, analisando o comportamento de seus colegas estrangeiros e treinando em situações semelhantes.

Antes de encontros oficiais no Kremlin, os agentes da FSO prestam especial atenção à segurança da residência do presidente. Vários dias antes, o número de visitantes do museu do Kremlin é limitado, e os agentes fazem buscas por explosivos nas salas do Grande Palácio do Kremlin, que atualmente recebe as reuniões mais importantes.

Às vezes são também conduzidos treinamentos complexos no próprio território do Kremlin. No último deles, em novembro de 2016, os agentes do FSO, a Polícia e a Guarda Nacional Russa participaram da simulação de um ataque terrorista.

Território proibido

As restrições de segurança no Kremlin não se referem apenas a torres e muralhas. Todos os voos sobre a fortaleza são proibidos, inclusive para quadricóptero – o que, muitas vezes, leva à detenção de turistas.

O fotógrafo alemão Fritzsche Holger, por exemplo, foi multado e detido em 2015 ao tentar tirar uma fotografia do Kremlin usando um drone.

Muitas pessoas acreditam ainda que a ausência de sinais dos sistemas GPS e Glonass nos entornos do Kremlin esteja relacionada à luta contra drones. No entanto, os oficiais do FSO negam que os sinais sejam propositadamente suprimidos.

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