Um mergulho Akula adentro

Correspondente registra interior do maior submarino do mundo, também conhecido como o predador da Frota do Norte; veja fotos

Em meados de 2015, o submarino nuclear Dmítri Donskoi deixou a base principal da Frota do Norte, na cidade de Severodvinsk, para participar de exercícios com as Forças Antissubmarinas da Rússia, no mar Branco. A classe Akula (tubarão, em russo), do Projeto 941, é única no mundo.

Os submarinos desse tipo têm 124 metros e altura equivalente a um prédio de nove andares. Não é à toa que todos os seis Akulas existentes figuram no “Guinness Book”, o livro dos recordes. 

Dos três Akulas que ainda realizam atividades, o mais avançado é o TK-208 Dmítri Donskoi. Seu sistema de propulsão nuclear possibilitou a realização de testes da versão mais recente do míssil balístico Bulavá, desenvolvido especialmente para a classe de submarinos estratégicos do Projeto 955 Borei.

O submarino é equipado com duas câmaras de resgate, localizadas perto da vela e na popa, capazes de resgatar toda a tripulação. O casco exterior, de 800 toneladas, é revestido de material isolante emborrachado antissonar, deixando o navio com aspecto de um “gigantesco brinquedinho de borracha”.

Ao subir a escada que dá acesso ao submarino, chega-se à sala principal de comando. Foi ali que ocorreu nosso ritual de iniciação, pelo qual todos os novatos devem passar. Quando submerso, o tripulante de primeira viagem deve beber uma tijela inteira de água do mar e depois beijar uma marreta balançando feito um pêndulo. Após a consagração, o novato recebe um certificado de submarinista e, dependendo do humor da tripulação, também um presente: peixe defumado e um selo comemorativo.  

Os submarinos do Projeto 941 também são únicos em termos de acomodação – alojamentos pessoais, refeição de alta qualidade e espaços recreativos, que incluem sauna, piscina, academia e até um jardim de inverno. Devido a isso, o projeto foi apelidado de “Hilton flutuante”. 

Apesar de os submarinistas frequentarem a sauna de vez em quando, eles geralmente estão na sala de controle. O serviço no mar é constante e quase não há horas vagas.

Algum tempo atrás, o Akula tinha espaço para abrigar um pequeno viveiro, com papagaios e canários. Mas os pássaros não aguentavam mergulhos prolongados, e atualmente há apenas um jardim de inverno.

Dentro do Dmítri Donskoi há duas copas: a primeira para pessoal mais novo e a segunda para oficiais (foto), que abriga uma exposição permanente dedicada à Batalha de Kulikovo. Ali também fica exposto o cetro usado no ritual de iniciação. 

A copa dos tripulantes mais novos é bem mais modesta. Todos os móveis localizados na sala principal e em outras áreas são presos por correntes. 

A equipe do Russia Beyond não foi autorizada a entrar na sala do comandante. Além de uma sala de reuniões, o espaço inclui os gabinetes do comandante e do Estado-Maior.

Também não foi possível acessar as demais áreas do Akula. Apesar da idade avançada, os detalhes desse gigante são mantidos em segredos, e o acesso é concedido apenas a militares. Pelos planos da Marinha russa, esse modelo de submarino ficará em serviço até 2022, mas poderá passar por uma nova modernização – o que estenderia sua vida útil.

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